O ex-governador e ex-ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou nesta quarta-feira (26), que a onda de solidariedade de políticos de Mato Grosso diante da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não foi motivada por lealdade ou afinidade pessoal, mas sim por cálculo eleitoral. Para ele, prefeitos, vereadores e parlamentares se manifestaram em defesa do ex-mandatário apenas para preservar o apoio de sua base.
“Quando saiu a prisão do Jair, os políticos aqui de Mato Grosso, praticamente todos, menos os petistas, ficaram solidários. Mas não é solidariedade direta a ele. É solidariedade à posição política, ao receio de perder votos de quem apoia esse discurso”, declarou Maggi durante o 3º Congresso Cerealista Brasileiro, realizado nesta quarta-feira (26), em Chapada dos Guimarães.
Segundo o ex-governador, o gesto de apoio foi uma tentativa de manter a conexão com o eleitorado bolsonarista, que tem forte presença no Estado. “Não é solidariedade genuína. É cálculo político. Se não se posicionarem, correm o risco de perder votos”, reforçou.
Bolsonaro foi preso no último sábado (22), inicialmente por violar a tornozeleira eletrônica. Desde terça-feira (25), a detenção passou a estar vinculada ao cumprimento da pena de 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe de Estado. A decisão provocou reações imediatas em Mato Grosso, onde o ex-presidente venceu as eleições de 2018 e 2022.
Maggi também comentou sobre a divisão de opiniões em torno do processo judicial. “Metade diz que não houve golpe e, portanto, não pode haver punição. A outra metade afirma que houve tentativa e que precisa haver punição. No fim, quem decide é a Justiça”, disse.
Ele acrescentou que revisões de decisões judiciais podem ocorrer no futuro, mas apenas quando o ambiente político estiver menos polarizado.
Com Bolsonaro impedido de disputar eleições, Maggi avaliou que a direita precisa se reorganizar. “Agora, a direita precisa de um candidato, precisa de uma agenda. Se não fizer isso, não ganha”, afirmou.
Para ele, a dificuldade das lideranças em se afastar de Bolsonaro está diretamente ligada ao medo de perder votos, o que explica a “solidariedade” demonstrada até aqui.















