Em um vídeo publicado em suas redes sociais nesta terça-feira (25), o delegado Pablo Carneiro, da Delegacia de Estelionatos de Cuiabá, quebrou o silêncio sobre a polêmica prisão do médico residente Gilmar Silvestre de Lima, ocorrida durante uma consulta no Hospital HBento na quarta-feira passada (19). (VEJA O VÍDEO AO FINAL)
Diretamente à câmera, Carneiro iniciou o depoimento afirmando que seu objetivo era "esclarecer o que de fato ocorreu" após o que classificou como uma "enxurrada de notícias distorcidas". Ele foi enfático ao negar qualquer motivação pessoal: "Respeito a atuação dos médicos em todas as suas áreas e não há de forma alguma qualquer tipo de perseguição ou tentativa de violação de prerrogativas".
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O delegado então detalhou a sequência de eventos que levou à prisão. Ele relatou que foi ao hospital para uma avaliação pré-anestésica para uma cirurgia no joelho. Ao perceber que estava sendo atendido por um homem, diferente da médica agendada, sua primeira pergunta ao profissional foi: "Doutor, o senhor é anestesista?". E a resposta que obteve, segundo ele, foi clara: "Sim, sou anestesista".
"Ele não disse 'sou parte da equipe' ou 'sou residente'. Ele confirmou que era o médico anestesista", reiterou Carneiro no vídeo.
ASSINATURA EM DOCUMENTO
Um dos pontos mais destacados em sua fala foi o momento em que assinou o termo de consentimento e viu o médico assinar no campo "médico anestesista". A falta de um carimbo no documento teria sido o que despertou sua desconfiança inicial, levando-o a checar o registro do profissional no Conselho Regional de Medicina e a descobrir que se tratava de um residente, sem o título de especialista.
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Carneiro defendeu a ação policial citando a Lei nº 3.268 e a "doutrina penal brasileira", alegando que a conduta configuraria "exercício irregular da medicina" e "falsidade ideológica" por assinar como anestesista sem sê-lo.
Ele também fez uma revelação inédita: afirmou que o hospital onde ocorreu o atendimento "não é hospital-escola" e "não possui programa de residência médica em anestesia", sugerindo que o residente atuava ali de forma irregular, fora da instituição onde está vinculado.
Em um momento de mudança no enfoque, o delegado pareceu dirigir suas críticas para o sistema de saúde. Ele mencionou ter recebido centenas de mensagens de médicos denunciando a exploração de residentes, com "jornadas absurdamente excessivas" e más condições de trabalho.
"Esse residente estava atendendo e assinando como anestesista porque queria, ou será que, de certa forma, ele foi coagido?", questionou, no trecho mais emotivo do vídeo.
Carneiro encerrou o depoimento instigando uma investigação mais ampla, sugerindo que o MEC, o CRM e o Ministério Público do Trabalho apurem não só o episódio, mas as "possíveis violações aos direitos dos residentes" que o caso teria exposto.
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VEJA O VÍDEO
O OUTRO LADO
A posição do delegado contrasta frontalmente com a do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), que na última quarta-feira (19) anunciou a intenção de processá-lo por abuso de autoridade, sustentando que o residente estava plenamente apto a exercer a medicina e atuando dentro das prerrogativas legais de sua formação.
















