A nova edição do podcast Explicando Direito aborda o tema “Pequenas corrupções e o famoso jeitinho brasileiro”, com entrevista da juíza Raissa da Silva Santos Amaral, titular da Quarta Vara Criminal da Comarca de Cáceres.
Em conversa com a jornalista Elaine Coimbra, a magistrada analisa o impacto de condutas cotidianas que, embora consideradas comuns por parte da população — como furar fila ou sonegar impostos —, geram consequências significativas para a sociedade e para o funcionamento das instituições públicas.
Segundo Raissa Amaral, a expressão “pequenas corrupções” pode contribuir para a normalização de práticas ilegais. “Quando usamos esse termo, parece que deixamos de considerar essas ações como crimes. Isso é preocupante”, afirmou.
A juíza também propõe uma ressignificação do conceito de “jeitinho brasileiro”, defendendo que ele seja associado a atitudes criativas e solidárias, e não a desvios de conduta. “A partir do momento em que essas práticas passam a ser vistas como corriqueiras, a linha entre o que é aceitável e o que é ilegal se torna tênue”, destacou.
Sobre o papel das instituições públicas, Raissa Amaral enfatizou que a credibilidade depende da conduta ética de seus representantes. Ela citou exemplos recorrentes, como fraudes em horários de trabalho, uso indevido de diárias e falsificação de documentos, que contribuem para a percepção de desconfiança e necessidade de fiscalização constante.
Como alternativa, a magistrada defende o exemplo pessoal e a educação desde a infância. “Campanhas e palestras voltadas a crianças e adolescentes são fundamentais. Eles assimilam valores com mais facilidade e podem ser agentes de mudança”, concluiu.
O Explicando Direito é uma iniciativa da Escola Superior da Magistratura de Mato Grosso (Esmagis-MT) e da Coordenadoria de Comunicação do Tribunal de Justiça, em parceria com a Rádio Assembleia.
