O oncologista clínico da Oncomed Cuiabá, Marcos Rezende, explicou ao HNT TV Entrevista que a gestação tardia e a reposição hormonal estão entre os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de endométrio. No entanto, ele ressaltou que não é contra a reposição hormonal, desde que o tratamento seja feito com acompanhamento médico regular e intervalos adequados entre as aplicações. Segundo o especialista, esse cuidado é fundamental para evitar o desbalanceamento dos níveis hormonais e, consequentemente, a elevação do risco da doença.
"A relação, quando colocamos esses assuntos, é o tempo de exposição ao hormônio. A gente tem dois hormônios muito importantes na mulher, que são o estrogênio e a progesterona. Quando faço uma reposição por muito tempo isolada do estrogênio, estou fazendo um desbalanceamento e posso estar impactando e aumentando o risco para essa paciente", esclareceu Marcos Rezende.
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Outro fator importante apontado pelo especialista é a obesidade. Os quilos a mais na balança geram um efeito rebote ao corpo, aumentando a produção de enzimas que interferem na capacidade do organismo de equilibrar os hormônios.
A reposição por muito tempo faz um desbalanceamento no organismo
“Quanto mais tecido adiposo, mais tenho uma enzima nesse tecido que pega outros hormônios e converte de forma periférica à circulação do paciente. Isso expõe mais, aumentando o risco. Por isso, a gente fala tanto que a atividade física é importante”, enfatizou Rezende.
CAMPANHAS QUEBRARAM TABUS
O oncologista destacou que campanhas como o Setembro Flor e o Outubro Rosa têm contribuído para quebrar o tabu em torno dos cânceres ginecológicos, especialmente o câncer de endométrio, que por falta de informação ainda era cercado de estigmas entre as mulheres. O médico ressaltou que o acesso à informação tem feito com que as mulheres fiquem mais atentas aos sinais do corpo e busquem ajuda médica com mais frequência.
"Tínhamos muito tabu, mas por falta de informação. Quando a pessoa não sabe o risco que está passando, é mais fácil negligenciar aquilo. Hoje está chamando mais atenção. As mulheres se cuidam mais e procuram mais ajuda. Pelo grau de incidência dele hoje, a gente está dando uma importância relativamente significativa", observou Rezende.
Tínhamos muito tabu, mas por falta de informação
Apesar do avanço, ele destaca que ainda é preciso alcançar um público que tende a silenciar sintomas e medos.
"Temos que trabalhar isso com quem tem mais idade e, às vezes, segura o que está sentindo. Essa pessoa a gente tem que normalizar a discussão com ela para que entenda que aquilo ali tem tratamento. Se for alguma coisa, tem que ser feito. Aquilo tranquiliza. O principal é ter medo e não procurar ajuda", completou o oncologista.
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