A Polícia Federal avança na investigação de um esquema de corrupção envolvendo assessores do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e suspeitas de pagamento de propina com dinheiro em espécie. O caso gira em torno do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves e do advogado Roberto Zampieri, assassinado em 2023 em Cuiabá. Ambos são apontados como os articuladores do grupo que teria subornado servidores do STJ em troca de informações sigilosas. As informações são do Portal UOL.
Segundo a PF, os investigados usavam dinheiro vivo para repassar valores a funcionários públicos. A estratégia foi confirmada por saques milionários rastreados nos últimos anos e por mensagens obtidas do celular de Zampieri. Em uma delas, ele relata ter levado uma “encomenda” a um chefe de gabinete de um ministro do STJ — que, para os investigadores, seria uma referência a dinheiro em espécie.
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Mensagem de Roberto Zampieri enviada a um interlocutor em 9 de setembro de 2023
As investigações começaram no fim de 2023, após o CNJ identificar indícios de acesso antecipado a minutas de decisões do STJ por parte de Zampieri. A partir disso, a PF encontrou evidências de que assessores ministeriais repassavam informações privilegiadas aos investigados, em troca de pagamentos.
Laudos periciais no celular de Zampieri revelaram ainda mais indícios. Em uma conversa, ele menciona que para resolver um processo no STJ seria necessário “investir uns 20 milhões lá em cima”. Segundo o Coaf, entre 2019 e 2022, Zampieri sacou R$ 8,2 milhões em espécie, o que reforça a suspeita de um esquema estruturado de lavagem de dinheiro e corrupção.
OS SUSPEITOS
Zampieri foi morto a tiros em dezembro de 2023, ao sair de seu escritório em Cuiabá. Além de Caçadini, estão presos Antônio Gomes da Silva, que confessou ser o autor dos disparos, e Hedilerson Fialho Martins Barbosa, acusado de ter auxiliado na execução.
Após o assassinato, a Polícia Federal encontrou conversas entre Zampieri e lobistas, além de indícios de envolvimento com desembargadores no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), sugerindo a venda de sentenças.
Já Andreson Gonçalves foi preso em 26 de novembro de 2024, por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin, sob suspeita de liderar um esquema de compra de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e nos tribunais de justiça de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.