Gabrieli Daniel Sousa de Moraes, de 31 anos, morta a tiros pelo marido, o policial militar Ricker Maximiniano de Moraes, no último domingo (25), seria testemunha de defesa no Tribunal do Júri do qual o marido é réu por uma tentativa de homicídio, marcado para esta quarta-feira (28). Ele será julgado por atirar nas costas de um jogador de futebol, de 17 anos, em 2018. Há época ele justificou que o adolescente e os amigos tinham “aparência de criminosos”.
O promotor de Justiça Jacques de Barros Lopes afirmou que ao matar uma das testemunhas do processo o militar demonstrou um “padrão de comportamento criminoso”. E por isso, pediu a prisão preventiva de Moraes, que já está preso desde a última segunda-feira (26), suspeito de assassinar a esposa, a tiros.
O julgamento pela tentativa de homicídio do adolescente foi redesignado para o próximo dia 8 de julho, após o réu desconstituir o advogado durante a sessão. O adiamento do Júri, conforme explica o promotor de Justiça Jacques de Barros Lopes, seria por conflito na tese de defesa. “[...] uma vez que a própria defesa técnica reconhecia a materialidade, a autoria, reconhecia ali o crime que ele cometeu, queria que ele confessasse, mas ele se negou a confessar.
Durante o processo, o réu ainda teria tentado forjar que se tratava de uma tentativa de assalto. “Ele tenta, a todo momento, criar um estereótipo de bandido para os jovens, porque, na cabeça dele, eram jovens com aparência de criminosos. Quando, na verdade, eram apenas jovens pobres, negros, que estavam de camiseta, chinelo e boné, caminhando por uma rua da cidade.”
O crime - O crime ocorreu em 2018, na Avenida General Melo, em Cuiabá. O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) defende que o réu atirou contra o jogador de futebol, na época dos fatos com 17 anos, por motivo fútil e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima.
Consta nos autos que a vítima estava retornando para casa na companhia de outros dois adolescentes, quando se depararam com um casal discutindo na rua — o policial militar e sua namorada.
O PM disse aos adolescentes: “O que vocês estão rindo? VAZA, VAZA!”. Em seguida, levantou a camisa e retirou uma arma de fogo da cintura. Na sequência, a vítima e os adolescentes saíram correndo, sendo perseguidos pelo réu, que também correu atrás deles.
Após alguns metros, a vítima percebeu que o PM havia parado e, por isso, também parou de correr. Nesse momento, Ricker efetuou disparos de arma de fogo contra a vítima, que foi atingida pelas costas.
“Esse jovem tinha um pré-contrato com um time de futebol, era um jogador promissor. Ele teve sua carreira esportiva e profissional completamente ceifada. O jovem possui sequelas graves em decorrência do ferimento por arma de fogo. Perdeu a locomoção e o movimento de uma das pernas por um tempo. Usou sonda durante bastante tempo”, pontuou o promotor.