O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, criticou as tarifas de Donald Trump contra os produtos brasileiros, mas disse que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), só tem sido alvo da Casa Branca porque "está colhendo o que plantou".
As críticas foram feitas durante debate entre ele e o governador do Piauí, Rafael Fonteles, na série Diálogos, em comemoração aos 100 anos do Jornal O Globo. Zema associou a conduta de Moraes como relator do inquérito que investiga a trama golpista com a de juízes venezuelanos que só votam de acordo com o governo federal.
"Está claríssimo que nós temos tido, principalmente por parte do Supremo, do ministro Alexandre de Moraes, excessos. Ele tem adotado uma postura em que ele é o réu, o juiz, o acusador, a testemunha, então isso cria realmente um problema sério para a credibilidade do nosso sistema judiciário. Acho que ele está pagando o preço daquilo que ele plantou. Agora, eu discordo, sim, das sanções econômicas contra o Brasil, que afeta a vida dos brasileiros", declarou.
Ainda no aspecto político, Zema defendeu uma anistia ao deputado Eduardo Bolsonaro, caso ele seja condenado por ataques à soberania nacional, pelas costuras junto à Casa Branca por tarifas condicionadas a uma anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele disse que não se pode colocar os interesses do Brasil abaixo de interesses particulares, mas afirmou que Eduardo tem sido bem-intencionado.
Do ponto de vista econômico, o governador mineiro demonstrou preocupação com produtos como o café, que tem forte peso na economia do estado. Apesar disso, demonstrou alívio com o recuo parcial anunciado pela Casa Branca nesta quarta-feira (30).
Já o governador do Piauí é aliado de Lula e exaltou as negociações que o vice-presidente e ministro da indústria, comércio e serviços, Geraldo Alckmin, tem conduzido.
"Eu acredito que a postura do governo federal tem sido correta e tem gerado efeitos no curto prazo. Veja que o presidente americano já recuou, colocou uma lista de quase 700 exceções; e já adiou por mais sete dias o início do tarifaço, ou seja, temos mais tempo ainda para continuar esse diálogo que tem sido conduzido por um dos homens mais considerados no país como um diplomata, com grande capacidade de diálogo que é o vice-presidencial, que é o ministro da Indústria e Comércio e Serviço", analisou.
Ele ponderou que o Piauí exporta, atualmente, muito mais para a China do que para os Estados Unidos, mas demonstrou preocupação com o impacto do tarifaço em estados do nordeste. Rafael Fonteles preside o Consórcio Nordeste, que reúne os nove estados da região.