No vídeo do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, na sigla em inglês), "dezenas de milhares" de palestinos aparece agachada e amontoada, enquanto o comboio da ONU trafega em velocidade lenta.
"Israel estava disparando tiros de aviso a centímetros de uma multidão que estava esperando por um comboio de comida da ONU. Quando o comboio se aproximou, pessoas famintas correram em direção a ele, e os tiros não pararam", afirmou o Ocha no vídeo, divulgado na rede social X.
Quando o comboio se aproximou da multidão, os palestinos foram para cima do caminhão de alimentos. "Uma multidão de dezenas de pessoas famintas e desesperadas nos esperava. Eles descarregaram com as próprias mãos tudo que estava na carroceria", afirmou Olga Cherevko, uma funcionária da Ocha que estava no comboio.
A Ocha atribuiu os disparos a tropas israelenses, porém não forneceu provas para corroborar a afirmação. O governo israelense não se pronunciou sobre a acusação até a última atualização desta reportagem. Segundo a agência, ao menos uma pessoa ficou ferida no incidente e foi socorrida no local por funcionários da ONU.
Cherevko disse que o comboio — pelas imagens, foi possível ver apenas um carro à frente do caminhão de suprimentos de onde o vídeo foi gravado — havia coletado suprimentos na passagem de Kerem Shalom, e ficou parado por cerca de duas horas e meia em um posto israelense.
O vídeo corrobora a versão de "show de horrores" denunciada pela ONU sobre a situação em Gaza, em que os palestinos se encontram em um cenário de fome generalizada. A divulgação das imagens ocorre também em um momento de aumento de críticas a Israel por conta da crise humanitária sofrida pelos palestinos de Gaza.
A guerra em Gaza começou após o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, que matou mais de 1.200 israelenses e outros 250 foram feitos reféns. Desde então, o conflito matou mais de 60 mil palestinos, a maioria crianças e mulheres, segundo levantamento do Ministério da Saúde de Gaza —controlado pelo Hamas— corroborado pela ONU.