O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na tarde desta quarta-feira (30) o decreto que formaliza a tarifa de 50% aos produtos importados do Brasil. Segundo o comunicado, autoridades brasileiras teriam coagido empresas dos Estados Unidos a censurar discursos políticos, entregar dados sensíveis de usuários e alterar políticas de moderação de conteúdo sob ameaça de multas, processos criminais, congelamento de ativos ou exclusão do mercado brasileiro. No entanto, uma série de itens ficou isenta das tarifas adicionais. Um deles é o suco de laranja.
Em entrevista ao Estúdio CBN, Ibiapaba Netto, diretor-executivo da Citrus BR (Associação Nacional dos Exportadores de Suco Cítricos), fala que o setor está aliviado após descobrir que o suco de laranja entrou na lista de exceção do tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil que somaria 40% aos 10% já existentes de taxa.
'O suco de laranja não será tarifado com os 40%, ele fica com a tarifa de 10% em princípio. Então, para a gente, foi um grande alívio, que a gente recebe com muita responsabilidade, justamente por conta dessa complementariedade que existe entre o suco de laranja brasileiro e a indústria americana.'
Sobre como a negociação se deu, Ibiapaba Netto diz que aconteceram tratativas das empresas americanas:
'Isso foi uma tratativa das nossas contrapartes lá nos Estados Unidos, as empresas americanas, que demonstraram ao longo desse mês o impacto do suco de laranja brasileiro naquele mercado. O suco de laranja brasileiro, ele é responsável por 56% do consumo americano e 70% das importações. Então, no final das contas, ele é um produto primordial ali para essa indústria, que é bastante importante, principalmente no café da manhã do americano.'
O diretor "não tem dúvida" de os empresários americanos também correram atrás de negociações para evitar grandes prejuízos e que o Brasil continuará sendo o principal fornecedor de suco de laranja no mercado americano.
'A gente agora está em uma posição de privilégio, e como todo privilégio vem as responsabilidades. Então, do nosso ponto aqui, o que a gente entende é que o setor continuará com o seu compromisso de ser o principal fornecedor de suco de laranja no mercado americano, diga-se, coisa que a gente já faz há 60 anos. Então, isso é uma história muito longa do setor brasileiro, de um setor brasileiro com o americano, provavelmente um dos que mais cedo começou a exportar para os Estados Unidos. Então, por conta disso, a gente acredita que, sem sombra de dúvida, a participação americana tenha tido um grande impacto nessas conversas.'
O diretor afirma que, "no final das contas, existe essa codependência. Eles precisam do suco de laranja brasileiro e a gente precisa do mercado americano."
Na ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump, está previsto um adiamento de sete dias para o início da taxação de 50% sobre produtos brasileiros. Originalmente marcada para esta sexta-feira, 1º de agosto, a medida passa a valer a partir do dia 6 de agosto.