Os senadores brasileiros que estão nos EUA para tentar negociar o tarifaço com o qual o presidente Donald Trump ameaça o Brasil informaram, nesta quarta-feira (30/7), que foram pressionados por congressistas do Partido Democrata, oposição a Trump, para que que acordos comerciais com a Rússia sejam revistos. Ou uma “crise pior” poderá atingir o Brasil.
Em coletiva de imprensa, os parlamentares brasileiros disseram que essa “crise pior” é a possibilidade de o Congresso dos EUA aprovar tarifas automáticas sobre países que mantenham o comércio com o governo de Vladimir Putin, da Rússia. Trata-se de uma estratégia norte-americana para pressionar Moscou a aceitar um cessar-fogo com a Ucrânia.
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O Brasil compra fertilizantes russos voltados para a produção agrícola. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que integra a comitiva, disse que o Brasil é “dependente” dos insumos e que cessar a compra poderia “parar o agronegócio brasileiro”.
Veja imagens das reuniões dos senadores nos últimos dias:
Mais cedo, Trump anunciou que irá impor tarifas de 25% sobre produtos da Índia a partir de 1º de agosto. Em publicação nas redes sociais, o norte-americano disse que o país asiático compra a maioria dos seus equipamentos militares e a energia da Rússia
“Em um momento em que todos querem que a Rússia pare de matar na Ucrânia. Isso tudo que não é bom”, disse Trump.
Comitiva do Senado
O grupo de 8 senadores desembarcou em Washington D.C. para tentar conscientizar o empresariado e congressistas norte-americanos, mas sem participar diretamente nas negociações para evitar as tarifas de 50% anunciadas por Trump. Essas tratativas estão centralizadas no governo federal, sob o comando do vice-presidente Geraldo Alckim (PSB).
O grupo teve agendas entre 28 e 30 de julho e se reuniu, ao todo, com 8 congressistas norte-americanos, sendo 7 deles democratas e 1 republicano. Também se reuniram com integrantes da Câmara de Comércio Brasil-EUA. Desse encontro, saiu a iniciativa de enviar uma carta a Trump pedindo a prorrogação das tarifas, que entram em vigor em 1º de agosto.
Negociações seguirão no pós-tarifaço
Durante as reuniões, empresários e congressistas dos EUA teriam enfatizado a necessidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ligar para Trump. Jaques Wagner disse que o petista sinalizou “boa vontade” para o encontro, mas desde que não sejam tratadas ingerências ao judiciário.
“Vários [interlocutores] destacaram essa necessidade, eu falei com o presidente Lula, que disse que tem que ser respeitado. Quem tem que organizar esse encontro é a diplomacia. Não acho que o encontro se dará antes de 1 de agosto. Lula não tem problema em falar com ele [Trump]. A questão da Rússia pode ser debatida em uma reuniao bilateral, desde que não sejam tratadas as questões do judiciário”, disse Wagner.