O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30/7) uma ordem executiva que oficializa a tarifa de 50% a produtos importados do Brasil. A decisão foi justificada como resposta a ações do governo brasileiro que, segundo a Casa Branca, representam uma ameaça “incomum e extraordinária” à segurança nacional, à política externa e à economia norte-americana.
O tarifaço estava marcado para começar na sexta-feira, 1º/8/2025. No entanto, a ordem executiva define para o dia 6 de agosto o início da vigência para mercadorias inseridas para consumo, ou retiradas do depósito para consumo.
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Apesar da ordem executiva, Trump deixou quase 700 itens de fora do tarifaço, como produtos aeronáuticos civis (o que interessa à Embraer), suco e derivados de laranja (suco e polpa), minério de ferro, aço e combustíveis, por exemplo.
A medida se baseia na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (Ieepa, na sigla em inglês), de 1977, e declara a instauração de uma nova emergência nacional nos EUA em relação ao Brasil. O texto da ordem executiva acusa o governo brasileiro de perseguir, intimidar, censurar e processar politicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores, o que, na visão do governo Trump, configuraria violações graves dos direitos humanos e um enfraquecimento do Estado de Direito.
“O presidente Trump tem reafirmado consistentemente seu compromisso de defender a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos contra ameaças estrangeiras, inclusive salvaguardando a liberdade de expressão e responsabilizando violadores de direitos humanos por seu comportamento ilegal”, diz comunicado oficial.
Agosto
- Donald Trump reiterou, também nesta quarta (30/7), que o tarifaço comercial imposto pelo governo norte-americano a diversos países, entre os quais o Brasil, entrará mesmo em vigor na próxima sexta-feira (1º/8), sem possibilidade de prorrogação.
- As declarações de Trump foram dadas em mensagens publicadas em sua própria rede social, a Truth Social, a apenas dois dias do fim do prazo estipulado pela Casa Branca para que os países atingidos pelas tarifas negociem eventual redução das taxas com os EUA.
- “O prazo de 1º de agosto é o prazo de 1º de agosto. Ele continua firme e não será prorrogado. Um grande dia para a América!”, escreveu Trump.
- No entanto, a ordem executiva assinada pelo próprio presidente define para o dia 6/8 o prazo para mercadorias inseridas para consumo, ou retiradas do depósito para consumo.
Censura e coação contra empresas dos EUA
Segundo o documento, membros do governo brasileiro adotaram “medidas sem precedentes” para coagir empresas norte-americanas de tecnologia a censurar discursos políticos, remover usuários, entregar dados sensíveis ou mudar políticas de moderação sob ameaça de sanções severas, como multas extraordinárias, processos criminais, congelamento de ativos ou exclusão do mercado brasileiro.
“O presidente Trump está defendendo empresas americanas da extorsão, protegendo cidadãos americanos da perseguição política, salvaguardando a liberdade de expressão americana da censura e salvando a economia americana de ficar sujeita aos decretos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico”, afirma a Casa Branca.
A ordem executiva cita nominalmente o ministro Alexandre de Moraes, acusado de abusar de sua autoridade ao emitir centenas de ordens de censura contra críticos políticos. De acordo com o texto, quando empresas norte-americanas se recusaram a cumprir as determinações, Moraes teria imposto multas elevadas, ameaçado executivos com processos criminais, congelado ativos e até removido empresas do mercado digital brasileiro.
Além disso, a Casa Branca menciona o caso do jornalista e youtuber bolsonarista Paulo Figueiredo, residente nos EUA, que estaria sendo processado no Brasil por discursos realizados em solo americano, o que Washington avalia como violação direta à liberdade de expressão protegida pela Constituição dos Estados Unidos.
Suspensão de vistos
A medida tarifária está inserida em uma estratégia mais ampla da política externa adotada por Trump, sob a diretriz “América em Primeiro Lugar”. No mesmo contexto, o presidente ordenou, no último dia 18 de julho, a revogação dos vistos de entrada nos EUA de Alexandre de Moraes, de seus aliados no STF e de seus familiares diretos. A medida foi implementada pelo secretário de Estado, Marco Rubio, como parte de uma política anunciada em maio para negar vistos a estrangeiros envolvidos em atos de censura contra cidadãos americanos.
A Casa Branca alega que a política externa dos EUA prioriza os interesses nacionais e protege seus valores fundamentais, como a liberdade de expressão e a defesa de eleições livres. Para o governo Trump, as ações do Judiciário e do Executivo brasileiro não apenas ferem esses princípios, como também configuram ameaças diretas à estabilidade de empresas americanas que operam no país.