Assessores de Bolsonaro se queixavam de Michelle por conta de hábitos que a então primeira-dama adotava no Palácio da Alvorada, a residência oficial do presidente da República. Segundo Bolsonaro, Michelle desagradava aos ajudantes de ordens por “botar ordem na casa”.
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O descontentamento com Michelle Bolsonaro ficou nítido em mensagens trocadas pelo tenente-coronel Mauro Cid e o coronel Marcelo Câmara, dois dos assessores mais próximos de Bolsonaro. Em relato à coluna, o ex-presidente atribuiu a mágoa de aliados a posições rígidas da ex-primeira-dama.
“O Palácio da Alvorada é a residência oficial do presidente da República, mas também é muito usado para reuniões. Nessas reuniões, Michelle costumava botar ordem na casa. Ela reclamava se, com a hora avançada, tinha gente falando alto. Ela cuidava dos espaços da casa. Por exemplo: o segundo andar era mais para a família, para ela não ter de se preocupar em como se vestir, se ia dar de cara com alguém. Então, os assessores não podiam circular por onde quisessem”, relatou Bolsonaro à coluna.
“Nós temos uma filha pequena [a caçula, Laura, tinha 8 anos quando Bolsonaro assumiu a Presidência]. Então, por vezes, Michelle barrou que usassem a piscina, porque nossa filha estava em trajes de banho. O pessoal [assessores] não gostava [do controle feito pela então primeira-dama no Alvorada]. Mas, em nenhum momento, Michelle interferiu politicamente. Ela não interferia na política”, contou Bolsonaro.
Em um diálogo com Mauro Cid, Marcelo Câmara se referiu ironicamente à primeira-dama como “tua amiga”. Cid respondeu com risadas.
Em outra mensagem vazada, Michelle interpelou Mauro Cid após uma reportagem de Rodrigo Rangel no Metrópoles apontar que auxiliares de Bolsonaro a criticavam pelas costas. “Agiu rápido”, escreveu Michelle. Cid não respondeu.
Em sua delação premiada, Mauro Cid acusou Michelle de instigar Bolsonaro a dar um golpe de Estado. A ex-primeira-dama rebateu a versão.
Candidatura de Michelle Bolsonaro
Nesta terça-feira, o PL demitiu Fabio Wajngarten após o vazamento de diálogo de WhatsApp, de janeiro de 2023. Nele, Cid afirmou que preferia votar em Lula a votar em Michelle. O ex-secretário de Comunicação escreveu: “Idem”.
A interlocutores Wajngarten sustentou que o diálogo ocorreu há 28 meses e que, na época, uma candidatura de Michelle não era levada em consideração, uma vez que Bolsonaro estava elegível. Dias antes da demissão, Wajngarten havia se tornado um dos principais articuladores para que o Partido Liberal lançasse a ex-primeira-dama à Presidência.