A Associação que reúne as montadoras de veículos no Brasil considera que existe risco de paralisação da produção de carros devido à crise geopolítica envolvendo os semicondutores. A paralisação poderia ocorrer em questão de semanas.
Em nota enviada à CBN, o presidente da Anfavea, Igor Calvet, alerta que a cadeia automotiva emprega um milhão e trezentos mil brasileiros e cobra que se busque uma solução. Ele pontua que o momento para as montadoras já era desafiador sem esse risco de paralização, devido à taxa de juros alta e o desaquecimento da demanda.
'A urgência é evidente, e a mobilização se faz necessária para evitar um colapso na indústria', afirma o presidente da Anfavea.
A associação já encaminhou um alerta formal sobre esse risco ao governo federal para evitar o desabastecimento de semicondutores no país.
A disputa global por semicondutores ficou mais acirrada no último mês, depois que o governo holandês assumiu o controle de uma gigante da produção de semicondutores, a Nexperia. A empresa atua no país como subsidiária de um grupo chinês.
Como resposta, a China restringiu a exportação de componentes eletrônicos. Isso já afeta a produção em fábricas automotivas na Europa. Num segundo momento, poderia afetar a produção brasileira.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d975fad146a14bbfad9e763717b09688/internal_photos/bs/2025/a/0/5E4d7SQEOoRGwk4axIOQ/afp-20251020-79dd9cr-v2-midres-correctionchinatechnologysemiconductors.jpg)
Funcionários trabalham em equipamentos de processamento de chips em uma fábrica de semicondutores em Suqian, na província de Jiangsu, no leste da China — Foto: Foto por STR / AFP
Muitos dos semicondutores usados na produção brasileira são importados de fornecedores que compram chips da Nexperia.
A estimativa da indústria é de que um veículo atual use, em média de 1 mil a 3 mil chips. Caso o fornecimento desses componentes seja interrompido, a produção precisaria ser paralisada.
Já o Sindipeças-Abipeças, que reúne as fabricantes de autopeças, encaminhou carta ao vice-presidente Geraldo Alckmin alertando sobre o problema. O documento, ao qual a CBN teve acesso, afirma que o problema envolvendo a Nexperia gera impactos diretos e imediatos na cadeia produtiva brasileira.
O sindicato alerta que já registrou, nas últimas semanas, uma redução significativa na disponibilidade de componentes essenciais para a produção de veículos leves, comerciais e industriais. E que não há alternativas de fornecimento local ou regional no curto prazo.
O documento alerta que o problema afeta diretamente empresas como Volkswagen, Stellantis (responsável por marcas como Jeep, Fiat, Citroen e Peugeot), Chevrolet, Toyota Hyundai e BYD. A falta de chips pode afetar a exportação de carros brasileiros e desacelerar os investimentos anunciados no país recentemente.