O senador Wellington Fagundes (PL) cobrou do ministro dos Transportes, Renan Filho, quanto as ações imediatas para a retomada e conclusão de obras fundamentais para o estado de Mato Grosso. A audiência pública foi realizada nesta terça-feira (20), na Comissão de Infraestrutura do Senado e tratou de rodovias federais, concessões, ferrovias e infraestrutura educacional ligada ao setor logístico.
“Temos obras com impacto direto na vida das pessoas e na economia que estão paradas ou sem previsão clara de execução. Não podemos permitir que entraves burocráticos ou falta de planejamento continuem atrasando o desenvolvimento do nosso estado”, afirmou o senador.
TRECHOS CRÍTICOS
Wellington solicitou providências emergenciais no trecho da BR-364 entre Rondonópolis (220 km de Cuiabá) e Jataí (GO), destacando que, até agora, as obras avançam apenas no estado vizinho. “Não posso ser condenado pela população que nós defendemos uma concessão e essa concessão não vai beneficiar o meu estado, entende, ministro?”, questionou.
Em resposta, Renan Filho explicou que a duplicação do trecho será feita de forma gradual, conforme a demanda. “Se o fluxo garantir mais que a necessidade de quilômetros de duplicação, vai duplicar mais. Porém, não duplicou ainda porque geraria tarifa no primeiro momento aos usuários”, afirmou.
O senador também cobrou soluções para o fluxo urbano de Rondonópolis e a retomada da obra do chamado “Trevão”, entroncamento da BR-163/364 com a BR-070. “Não dá para esperar mais. É preciso fazer algo urgente, como o alargamento da pista. Não podemos esperar mais mortes”, disse. “Essa obra virou um problema crônico. A população quer saber de quem é a responsabilidade real”, completou.
Renan Filho respondeu que a Nova Rota do Oeste, responsável pela concessão, tem compromisso de iniciar as obras ainda neste ano. “Estamos falando do maior investimento em infraestrutura já feito no Mato Grosso. O contrato está sendo cumprido, e a previsão é que a execução comece no quarto trimestre”, garantiu.
PROBLEMAS DA BR-174
O senador apontou falhas na execução de obras na BR-174, com destaque para os problemas enfrentados em Comodoro (639 km Cuiabá), onde a estrada chegou a ficar mais de 20 dias totalmente interrompida, e para a travessia urbana de Cáceres (218 km Capital). “Isso mostra que não houve planejamento eficiente na execução do serviço”, criticou.
Renan Filho reconheceu as dificuldades e afirmou que o ministério está atuando para corrigir as falhas. “Estamos lidando com obras herdadas com muitos problemas técnicos e contratuais. Mas estamos avançando com esforço conjunto”, disse.
FICO E INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO
Wellington demonstrou preocupação com a possibilidade de alteração no traçado da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO), especialmente entre Água Boa e Lucas do Rio Verde. Ele lembrou que a chegada da ferrovia motivou investimentos federais na educação técnica da região.
“Nesta semana, estive na região do Araguaia com os prefeitos de Água Boa, Mariano Kolankiewicz, e Vilson Biguelini, de Canarana, onde lançamos as obras dos Institutos Federais das duas cidades. São quase R$ 80 milhões previstos para a construção dessas duas unidades. Então, a notícia de que haveria redução no traçado seria uma traição com o nosso povo”, afirmou.
O ministro negou qualquer mudança no percurso. “A FICO vai sim até Lucas do Rio Verde. O que está sendo feito são ajustes técnicos e ambientais, mas o planejamento original será mantido”, afirmou.
BR-158: LICENÇA DESTRAVA PROJETO
Renan Filho informou que a licença ambiental da BR-158 já foi liberada, o que permite o avanço do projeto. Essa rodovia é essencial para o escoamento da produção agropecuária de Mato Grosso, especialmente no trecho que contorna terras indígenas na região de Canarana e Água Boa. “A BR-158 está andando. A licença saiu e agora o projeto pode avançar”, declarou.
BR-242: READEQUAÇÃO DO TRAÇADO
Outro ponto tratado na audiência foi a BR-242, que atravessa o norte e nordeste do estado. O ministro explicou que o traçado da rodovia está sendo readequado. “Estamos alterando o traçado da BR-242 para dar a mesma solução logística que foi aplicada em outras regiões. É uma adaptação necessária para melhorar o fluxo e respeitar exigências técnicas”, explicou.
PONTE DO ARAGUAIA
Wellington também cobrou a conclusão dos acessos à ponte sobre o Rio Araguaia, entre Ribeirão Cascalheira (791 km de Cuiabá) e Goiás. “A ponte está pronta, mas sem acesso ela não serve. Precisamos concluir essa etapa”, pontuou.
Renan explicou que os encabeçamentos não haviam sido projetados pelo governo anterior, mas agora estão sendo executados, com previsão de conclusão em setembro.
ENTRAVES AMBIENTAIS E SOLUÇÕES
O senador encerrou sua fala destacando a importância de Mato Grosso para o Brasil, especialmente na produção agropecuária. “Nosso estado tem respondido com produtividade e responsabilidade ambiental. O que pedimos é infraestrutura à altura do esforço de quem produz e move a economia do país”, afirmou.
O ministro reconheceu o esforço do senador e reforçou que os maiores desafios hoje estão relacionados às exigências ambientais. “O Brasil está batendo recorde de investimentos em infraestrutura, mas a agenda ambiental precisa ser destravada para que os projetos avancem com mais agilidade”, concluiu.
