A vereadora Samantha Íris (PL) se manifestou publicamente contra o uso da alegação de insanidade mental como justificativa em casos de violência e feminicídio. A fala da parlamentar, que classificou a tese como uma "desculpa esfarrapada", foi feita após o laudo da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) que atestou a inimputabilidade do engenheiro agrônomo Daniel Frasson, acusado de assassinar a esposa e esfaquear a filha, de sete anos, em Lucas do Rio Verde.
Daniel Frasson, Gleici Oliboni e a filha do casal.
Samantha Íris reconheceu não ser profissional de saúde mental, mas questionou padrão nos crimes violentos contra mulheres. "É muito estranho que a gente veja aí que praticamente todos os últimos casos que têm relacionados à morte de mulheres, principalmente mortes violentas, aí o homem vai lá e alega que está com um problema de saúde mental", criticou a vereadora.
A parlamentar argumentou que as mulheres estão "muito mais propensas ao fator de depressão" e, no entanto, não se observa um cenário de violência reversa, sugerindo que a alegação pode ser uma estratégia de defesa.
O posicionamento da vereadora foi feito após ser questionada pela imprensa sobre o laudo da Politec apresentado à Justiça. O documento atestou a insanidade mental de Daniel Frasson, tornando-o inimputável no assassinato da terapeuta capilar Gleici Oliboni, de 42 anos, e na tentativa de homicídio da filha, em junho deste ano.
O status de inimputável significa que Daniel Frasson, devido a diagnósticos como psicose não orgânica e transtorno afetivo bipolar em fase aguda, pode não ser responsabilizado criminalmente, uma vez que teria sido inteiramente incapaz de compreender o caráter ilícito de seus atos no momento do crime.
A família da vítima, no entanto, contesta o resultado. O advogado da família de Gleici, Rodrigo Pouso Miranda, classificou o laudo como “parcial e tendencioso” e solicitou uma nova perícia colegiada, questionando a ausência de um diagnóstico nosológico definitivo e a não comprovação de surto no momento exato da conduta criminosa.
A filha mais velha de Gleici também se manifestou nas redes sociais, afirmando que usar a saúde mental "como saída para justificar um crime tão cruel é, no mínimo, um insulto".
A criança sobrevivente, esfaqueada pelo pai, ficou 22 dias internada em estado grave e segue sob acompanhamento psicológico e neurológico.
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