O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputado estadual Max Russi (PSB), revelou que a aprovação do Projeto de Lei do Orçamento Anual (PLOA) de 2026 não foi apenas uma decisão técnica, mas um gesto político estratégico. Russi afirmou, em entrevista após as quatro Sessões Extraordinárias desta "super-segunda" (22), que a manutenção do limite de 20% para remanejamento orçamentário pelo Executivo representou um "voto de confiança" dos parlamentares ao governador Mauro Mendes (União), em especial, frente a não quitação de 100% das emendas parlamentares como era o alinhamento entre os Poderes.
A margem de manobra que o governo teria para movimentar recursos sem autorização prévia dos deputados foi o ponto mais sensível das discussões orçamentárias.
Inicialmente, setores da Assembleia defendiam um limite muito mais rígido, de apenas 5%, para aumentar a fiscalização sobre os gastos públicos. No entanto, as negociações avançaram e o governo conseguiu elevar a proposta.
"Tinha uma discussão de 5%, foi a 15%, foi a 18%... O governo argumentou que este é o último ano da gestão Mauro Mendes e que essa suplementação era importante para concluir o cronograma de entregas", explicou Max Russi.
De acordo com o presidente da ALMT, a decisão de fixar o índice em 20% também levou em conta o cenário de sucessão no Palácio Paiaguás.
"Os deputados, na sua maioria, entenderam dar esse voto de confiança, pensando também no início do próximo governo", destacou Russi. Na prática, somando-se às autorizações já previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o Executivo terá uma liberdade de remanejamento que pode chegar a 30% do orçamento total.
PAZ ARMADA NO PLENÁRIO
Apesar do "voto de confiança", a votação foi precedida por semanas de quedas de braço, especialmente em relação ao empenho das emendas parlamentares.
A aprovação do PLOA chegou a ser ameaçada por pedidos de vista motivados pelo atraso nos repasses das emendas, especialmente para deputados da oposição e independentes.
Mas no final do dia, prevaleceu também “o voto de confiança”, pela harmonia entre os poderes.
"Dizer que todas as emendas foram sanadas não corresponde à realidade. Mas isso não é impeditivo para votarmos o orçamento. O empenho é lei, e nós acreditamos que o governo vai cumprir com sua obrigação até o final do ano", explicou Russi, suavizando o tom após a garantia de que a Casa Civil faria um "esforço concentrado" nas áreas mais críticas, como a Saúde.
Para Russi, o desfecho foi positivo para o Estado. "É uma casa de debate. A gente precisa discutir, alterar, fazer emendas. No final, o entendimento prevaleceu para que Mato Grosso não vire o ano sem o seu orçamento", concluiu o presidente.
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