Por: Kimberly Caroline
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a se posicionar contra setores de seu partido que articulam uma anistia restrita. Em declarações feitas nesta sexta-feira (5), ele afirmou que qualquer medida que deixe de fora o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não terá apoio da direita. Segundo o parlamentar, existe uma tentativa de tirar o ex-presidente da anistia "para poder chantagear ele e forçá-lo a escolher o candidato que querem emplacar".
O recado foi publicado na rede X e acompanhado de uma reportagem da CNN que mostrou a existência de uma ala do PL disposta a retirar Jair da proposta. A justificativa seria facilitar a aprovação do texto no Congresso. Eduardo, no entanto, assegura que não aceitará esse formato.
"Qualquer anistia que não seja ampla e irrestrita não será aceita. Já irei conversar com a base parlamentar do PL sobre isso. A anistia será ampla e irrestrita ou não contará com o apoio da direita e não terá efeito de diminuir as sanções internacionais. Esses planinhos escusos de vocês não irão prosperar. Vocês estão brincando com coisa séria e vão acabar sendo vistos como colaboradores dos violadores de direitos humanos", declarou.
O comando político continua com Jair Bolsonaro?
A fala de Eduardo ocorre em meio ao debate sobre a sucessão presidencial. No fim de agosto, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que o candidato do partido em 2026 será "Jair Bolsonaro ou quem ele, e só ele, escolher". A declaração reforçou a centralidade do ex-presidente nas decisões partidárias.
Em paralelo, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do Progressistas, declarou em entrevista à Folha de S. Paulo que os filhos de Bolsonaro seguirão a liderança do pai. "Não tenho dúvida, vão obedecer o pai. O comando é do pai. O líder é ele", afirmou.
No Senado, o líder da oposição, Carlos Portinho (PL-RJ), também defendeu a anistia, chamando-a de gesto de pacificação nacional. Já o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do governo, classificou o projeto como inconstitucional e inoportuno, lembrando que surge em meio ao julgamento no Supremo Tribunal Federal sobre as supostas tramas golpistas.
O embate sobre a anistia expõe as divisões internas no PL e amplia a disputa política em torno do papel de Jair Bolsonaro. Para Eduardo, deixar o pai de fora significaria enfraquecer a direita e atender a interesses de adversários.