O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), defendeu sua decisão de desapropriar a área do Contorno Leste para avançar na regularização fundiária de cerca de duas mil famílias que vivem no local. O anúncio, feito no último sábado, evitou a remoção imediata dos moradores, mas provocou críticas de setores que acusam o gestor de ferir princípios ligados à defesa da propriedade privada.
Em entrevista nesta segunda-feira (1º), Abilio admitiu que a medida contraria valores que ele mesmo defende como político de direita. Segundo o prefeito, porém, o dilema o levou a escolher uma solução humanitária, ainda que isso custe desgaste político.
“Eles estão certos. Só que entre estar certo e ter o coração mais calmo, eu escolhi ter o coração mais calmo”, declarou.
O prefeito reconheceu que a decisão “deixará uma marca” em sua imagem, mas disse preferir esse ônus a adotar uma postura de força contra as famílias da região.
“Na minha imagem fica essa marca. Mas eu prefiro conviver com essa marca de que ajudei um grupo de famílias, mesmo indo contra alguns dos nossos valores e princípios, do que carregar uma decisão muito ruim contra aquelas pessoas que estão lá”, afirmou.
PARA EVITAR "GUERRA URBANA"
Abilio reconheceu que a solução considerada “correta” sob o ponto de vista estritamente legal seria devolver a área aos proprietários originais. Ele argumentou, no entanto, que a decisão tem caráter pragmático e busca evitar um cenário de confronto urbano.
“Imagina como seria uma desocupação daquele lugar com polícia, gás lacrimogêneo, bala de borracha e coisas queimando. Como seria isso para as crianças assistindo? Para os idosos? Tem muita gente com deficiência no local”, observou.
O prefeito afirmou que o município pretende garantir indenização aos proprietários prejudicados, enquanto trabalha para evitar o que classificou como um possível ambiente de conflito.
“Vamos evitar o conflito, evitar uma guerra para fazer a desocupação. E, na parte da desapropriação, vamos fazer a indenização adequada para quem tem direito à propriedade”, concluiu.
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