O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), voltou a gerar repercussão nas redes socias ao ironizar as manifestações de repúdio feitas por entidades após um episódio de confronto verbal entre ele e a professora aposentada da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Maria Inês da Silva Barbosa durante a Conferência Municipal de Saúde, realizado esta semana em Cuiabá. Em vídeo publicado no instagram, Abilio agradeceu sarcasticamente à esquerda pelas notas publicadas contra ele, dizendo que isso “significa que estamos no caminho certo”. (Assista ao final).
“Quero agradecer a todas as notas de repúdio que vocês estão fazendo. Significa que nós estamos no caminho certo. Continuem fazendo. Gastem papel, tempo, usem inteligência artificial...”, disse o prefeito, em tom de deboche. Ele ainda argumentou que a notas podem acontinuar a ser emitidas, pois a maioria dos documentos “não está em pronome neutro”, o que, segundo ele, estaria em conformidade com a norma culta da língua portuguesa.
A fala de Abilio acontece dias após o embate com a professora Maria Inês da Silva Barbosa, durante uma plenária doa Conferência. Na ocasião, a educadora usou o termo “todes” ao se referir ao público atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo imediatamente interrompida pelo prefeito. Ele ameaçou cancelar a participação dela caso insistisse no uso da linguagem neutra. A professora defendeu o seu ponto, foi aplaudida pelos presentes, enquanto Abílio foi vaiado, mas ela preferiu interromper a apresentação.
O episódio provocou reações de diversos setores da sociedade civil e entidades ligadas à saúde pública e aos direitos humanos. O próprio Conselho Nacional de Saúde emitiu nota oficial de repúdio à conduta do gestor cuiabano, destacando o desrespeito à liberdade de expressão e à diversidade. Também se manifestaram a Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme) e o Odara – Instituto da Mulher Negra, além de outros coletivos e organizações.
A situação ainda gerou um novo confronto entre Abilio e o coordenador do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat) em Mato Grosso, Julian Tacanã. Eles trocaram acusações após o posicionamento do prefeito contra a linguagem inclusiva.
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