O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), e o coordenador do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat) em Mato Grosso, Julian Tacanã, bateram boca na Conselho Nacional de Saúde (CNS) após o desentendimento entre prefeito e a professora aposentada da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Maria Inês da Silva Barbosa. Tacanã disse que o prefeito desrespeitava a comunidade ao proibir o uso de pronomes neutros. Abilio refutou argumentando que os termos não eram reconhecidos pela norma culta da Língua Portuguesa.
"Para todos ser respeitado, para todas e para todes ser respeitado", disse o coordenador durante o evento nessa quarta-feira (30).
"Todes é uma palavra que não existe na língua portuguesa. Qual dicionário está escrito todes? Agora, usar o instrumento legal da Prefeitura de Cuiabá, que é a Conferência Municipal de Saúde, promovida e custeada pelo município de Cuiabá, para transformar isso como um ato de militância do pronome neutro, não, vamos acreditar", rebateu o prefeito.
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Maria Inês foi repreendida pelo prefeito ao afirmar que o Sistema Único de Saúde (SUS) é para "todes". Abilio, que estava no dispositivo, se levantou, cortou a fala da professora e disse que cancelaria a palestra caso a professora insistisse no uso da linguagem neutra.
A educadora recebeu manifestações de solidariedade de diferentes órgãos do país. Um deles foi o Conselho Nacional de Saúde (CNS) que repudiou a atitude de Abilio. A Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme) e o Odara – Instituto da Mulher Negra também divulgaram nota de apoio.
PROJETO DE LEI
O vereador Rafael Ranalli (PL) aproveitou a movimentação para protocolar um projeto de lei que pretende proibir o uso da chamada linguagem neutra — ou não binária — em documentos e atos oficiais da administração pública de Cuiabá, além de vetar seu uso em materiais e práticas pedagógicas nas escolas da rede municipal. Ranalli compõe a base de Abilio.
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