O preço de um produto representa o esforço para produzi-lo e comercializá-lo, segundo afirma Tiago Egydio Barreto, gerente da Fundação Eco+ e biólogo com mestrado e doutorado em Biologia Vegetal. Muitas vezes, o valor final ignora impactos ambientais, sociais e econômicos que ocorrem ao longo do ciclo de vida do produto, da extração da matéria-prima até o descarte ou reciclagem.
“O preço é, antes de tudo, uma informação. Ele traduz os esforços despendidos para que determinado bem ou serviço chegue até nós. Quando nos deparamos com um produto cujo valor está muito acima ou abaixo da média do mercado, é natural que surja um alerta: algo pode estar errado. Afinal, estamos acostumados a associar o preço à qualidade, procedência, mão de obra envolvida. Mas será que estamos considerando tudo?”, indaga.
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Esses impactos incluem a poluição de rios, a contaminação do ar e os danos à biodiversidade, que afetam a qualidade de vida das pessoas e geram custos para a sociedade, como gastos crescentes com saúde pública para tratar doenças respiratórias e investimentos emergenciais para enfrentar enchentes provocadas por mudanças climáticas e manejo inadequado do solo.
Além disso, enquanto algumas tarifas e políticas econômicas, como as adotadas pelos Estados Unidos para proteger a indústria nacional, são custos transparentes e discutidos publicamente, os chamados “custos ocultos” ambientais não aparecem na etiqueta do produto. Eles ficam embutidos no orçamento público e no impacto sofrido por comunidades tradicionais, o que evidencia a externalização dos danos causados pelo atual modelo produtivo.
“Se esses custos já existem e, de alguma forma, já os pagamos, por que não os incorporar de forma mais explícita às cadeias produtivas? Como podemos, enquanto sociedade, consumidores e formuladores de políticas públicas, construir mecanismos que permitam precificar aquilo que, até então, era invisível?? Trazer essas variáveis à luz não é apenas um exercício para promovermos um debate lúcido sobre nossos impactos ao meio que vivemos, mas uma estratégia essencial para garantir a continuidade da vida em todas as suas formas”, conclui.