A suspensão de uma carga brasileira voltou a expor tensões no comércio de grãos. A China barrou a importação de 69 mil toneladas de soja após encontrar trigo tratado com pesticidas dentro do porão do navio que transportava o lote ao país asiático. Além do bloqueio imediato da remessa, foram interrompidas as compras de soja provenientes de cinco unidades brasileiras de grandes tradings que atuam no mercado externo. 

A medida foi tomada pela Administração-Geral de Aduanas da China e comunicada ao Ministério da Agricultura e Pecuária. Entre as unidades suspensas estão duas plantas da Cargill em São Paulo, além de estabelecimentos da Louis Dreyfus e da CHS Agronegócio no mesmo estado. A unidade da 3Tentos afetada fica no Rio Grande do Sul. As sanções atingem apenas essas plantas, permitindo que outras instalações das empresas sigam exportando normalmente.

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Segundo a autoridade chinesa, cerca de dez toneladas de trigo com revestimento químico proibido foram encontradas no navio. O tratamento aplicado é classificado como tóxico e destinado exclusivamente ao plantio, o que, para a aduana, representa risco sanitário inaceitável. Como o trigo brasileiro não está habilitado para exportação ao país, a presença do grão reforçou a infração às normas comerciais e de segurança alimentar. Em carta enviada à Embaixada do Brasil em Pequim, a decisão foi justificada como ação para proteger consumidores e garantir a integridade da soja importada.

O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Luís Rua, afirmou que o caso será analisado e destacou a dimensão limitada da sanção diante do número de unidades habilitadas. A China recordou que episódios semelhantes ocorreram no final de 2024 e no início de 2025. A reabilitação das plantas dependerá de investigação formal, medidas corretivas e nova avaliação das autoridades chinesas.