A Operação Sisamnes, que inicialmente se apresentava como uma grande investigação para combater o tráfico de influência na Justiça, já não tem mais esse foco central. Segundo reportagem do site Consultor Jurídico, o caso “está mais para a história do desvario de um delegado, Marco Bontempo, que, afastado da investigação, misturou fatos e suposições e colocou fogo no circo”.
De acordo com o site, o delegado está sob cuidados médicos, em razão de um surto diagnosticado. Ele se tornou alvo de um inquérito que apura o vazamento de seu relatório não oficial, documento no qual, ele “misturou o que houve com o que ele gostaria que tivesse acontecido”. Até o mês passado, Bontempo integrava a Coordenação de Inquéritos Especiais (Cinq), unidade da Polícia Federal responsável por casos que tramitam no Supremo Tribunal Federal.
Agora sabe-se que ele “foi um grande distribuidor de suposições, antes que as acusações fossem confirmadas”. Os vazamentos estão sendo apurados pela própria PF, a pedido do ministro Cristiano Zanin, relator do caso no STF.
Bontempo foi afastado da coordenação após dez meses no cargo, período marcado por conflitos internos na corporação. “Suficientes para juntar muito papel, mas insuficientes para que se chegasse a qualquer conclusão além do fato de que há funcionários e chefes de gabinetes comprometidos até o pescoço”, destaca o Consultor Jurídico.
O relatório elaborado por Bontempo à revelia da instituição, segundo a publicação, “é recheado de suposições, ilações e repete a toda hora ‘o aprofundamento das investigações dirá…’”.
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OPERAÇÃO SISAMNES
Deflagrada pela Polícia Federal, a operação teve início após o assassinato de Roberto Zampieri em dezembro de 2023 em Cuiabá. A quebra de sigilo de seu celular expôs uma rede de contatos que incluía os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), lobistas, empresários e servidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Zampieri teria atuado como intermediário direto em negociações de decisões judiciais, movimentando mais de R$ 12 milhões em espécie em parceria com doleiros e empresários. Sua morte foi o ponto de partida para aprofundar as investigações, que revelaram um sistema sofisticado de lavagem de dinheiro e tráfico de influência.
Já o lobista Andreson Gonçalves, descrito como peça-chave do esquema, foi responsável por aproximar magistrados e advogados, além de manter relações diretas com operadores financeiros para ocultar recursos ilícitos. Preso em 2024 e posteriormente colocado em prisão domiciliar por questões de saúde, ele voltou ao regime fechado em 2025 após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
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