Terça-feira, 21 de Outubro de 2025
icon-weather
DÓLAR R$ 5,37 | EURO R$ 6,21

21 de Outubro de2025


Área Restrita

DESTAQUES Terça-feira, 21 de Outubro de 2025, 07:43 - A | A

Terça-feira, 21 de Outubro de 2025, 07h:43 - A | A

Conspiração

Ex-presidente francês Nicolas Sarkozy chega à prisão em Paris

Sarkozy, que foi presidente conservador da França entre 2007 e 2012, vai cumprir pena de 5 anos por conspiração para arrecadar fundos de campanha da Líbia

Administração

Foto-RFI

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy chegou à prisão, nesta terça-feira (21), para cumprir pena de cinco anos por conspiração para arrecadar fundos de campanha da Líbia.

Sarkozy deixou sua casa por volta das 4h15, no horário de Brasília, e chegou à prisão de La Santé, de segurança máxima, em Paris, cerca de 20 minutos depois. Ele estava acompanhado de sua esposa, a modelo e cantora Carla Bruni, na chegada ao presídio. 

✅ Clique aqui para seguir o canal do CliqueF5 no WhatsApp

✅ Clique aqui para entrar no grupo de whatsapp 

Condenado pela Justiça francesa no final de setembro, Sarkozy será mantido em uma cela individual com dimensões entre 9 e 12 metros quadrados, chuveiro privativo, TV e telefone fixo (leia mais abaixo). Seu advogado afirmou que protocolou nesta terça um pedido de liberdade para o ex-presidente, que escreverá sobre seu tempo na prisão. 

Sarkozy, que foi presidente conservador da França entre 2007 e 2012, tornou-se nesta terça o primeiro ex-líder francês a ser preso desde o colaborador nazista Marechal Philippe Pétain, após a 2ª Guerra Mundial. 

“Não tenho medo da prisão. Vou manter minha cabeça erguida, inclusive nos portões da prisão”, disse Sarkozy ao jornal francês "La Tribune Dimanche" antes de sua prisão.

 

Ex-presidente francês Nicolas Sarkozy deixa sua casa com a esposa Carla Bruni para ir à prisão e começar a cumprir pena de cinco anos — Foto: Sarah Meyssonnier/Reuters

Ex-presidente francês Nicolas Sarkozy deixa sua casa com a esposa Carla Bruni para ir à prisão e começar a cumprir pena de cinco anos — Foto: Sarah Meyssonnier/Reuters

Durante seu deslocamento, o ex-presidente reiterou sua inocência em um comunicado divulgado na rede social X. "Quero lhes dizer, com a força inabalável que é a minha, que não é um ex-presidente da República que está sendo preso esta manhã — é um inocente", diz o pronunciamento. 

"Continuarei a denunciar este escândalo judiciário, esta via-crúcis que sofro há mais de dez anos. Eis, portanto, um caso de financiamento ilegal sem o menor financiamento. Uma investigação judicial de longo prazo iniciada com base em um documento cuja falsidade agora está comprovada", completou. 

Sebastien Cauwel, chefe do sistema prisional do país, incluindo a prisão de alta segurança La Santé, onde Sarkozy será encarcerado, afirmou que o ex-presidente ficará em isolamento. 

“Ele poderá acessar o pátio de exercícios sozinho, duas vezes ao dia, terá acesso a uma sala de atividades sozinho e ficará sozinho em sua cela”, disse Cauwel à rádio RTL 

Acesso a TV, telefone fixo e Chuveiro privado 

A condenação encerra anos de batalhas legais sobre alegações de que sua campanha de 2007 recebeu milhões em dinheiro do líder líbio Muammar Kadhafi, que foi posteriormente deposto e morto durante as revoltas da Primavera Árabe. Leia mais aqui.

Embora Sarkozy tenha sido considerado culpado de conspirar com assessores próximos para organizar o esquema, ele foi absolvido de receber ou usar pessoalmente os fundos.

Ele sempre negou irregularidades e classificou o caso como politicamente motivado, afirmando que os juízes buscavam humilhá-lo. Ele recorreu da decisão, mas a natureza da sentença exige que ele vá para a prisão enquanto o recurso é analisado. 

 

O ex-presidente já havia sido condenado em outro caso de corrupção, no qual foi considerado culpado de tentar obter informações confidenciais de um juiz em troca de favores de carreira, cumprindo a pena com uma tornozeleira eletrônica.

A unidade de isolamento de Sarkozy na prisão La Santé, em Paris — que já abrigou o militante de esquerda Carlos, o Chacal, e o líder panamenho Manuel Noriega — mantém os presos em celas individuais e separados durante atividades ao ar livre por razões de segurança. 

As condições são similares ao restante da prisão: as celas medem de 9 a 12 metros quadrados e, após reformas, agora incluem chuveiros privativos.

Sarkozy terá acesso a uma televisão — mediante taxa mensal de 14 euros — e a um telefone fixo.

Pessoas seguram um cartaz com o retrato de Nicolas Sarkozy e o slogan “França Forte” durante um ato convocado pelos filhos do ex-presidente, em apoio ao pai. — Foto: Benoit Tessier/Reuters

Pessoas seguram um cartaz com o retrato de Nicolas Sarkozy e o slogan “França Forte” durante um ato convocado pelos filhos do ex-presidente, em apoio ao pai. — Foto: Benoit Tessier/Reuters 

'O Conde de Monte Cristo' na lista de leitura 

O advogado de Sarkozy, Jean-Michel Darrois, disse à rádio "Franceinfo" que o ex-presidente estava se preparando para a prisão levando suéteres e protetores auriculares.

“Ele preparou algumas malas com suéteres, pois a prisão pode ser fria, e protetores auriculares, porque pode haver muito barulho”, disse Darrois.

Sarkozy também contou ao jornal francês "Le Figaro" que levaria três livros para sua primeira semana na prisão, incluindo O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas — a história de um homem injustamente preso que trama vingança contra aqueles que o traíram. 

A decisão de prender um ex-presidente provocou indignação entre aliados políticos de Sarkozy e a extrema-direita.

No entanto, a decisão reflete uma mudança na abordagem da França em relação a crimes de colarinho branco, após reformas introduzidas por um governo socialista anterior. Nas décadas de 1990 e 2000, muitos políticos condenados evitavam a prisão.

Para combater a percepção de impunidade, juízes franceses estão cada vez mais emitindo ordens de “execução provisória” — exigindo que as sentenças comecem imediatamente, mesmo enquanto os recursos estão pendentes, segundo especialistas e políticos ouvidos pela Reuters.

A líder da extrema-direita, Marine Le Pen, foi proibida de concorrer a cargos sob a mesma provisão de “execução provisória”, aguardando recurso no início do próximo ano.

De acordo com uma pesquisa da Elabe de 1º de outubro para a "BFM TV", 58% dos franceses acreditam que o veredicto foi imparcial, e 61% apoiam a decisão de enviar Sarkozy à prisão sem esperar o recurso.

O presidente Emmanuel Macron, que manteve boas relações com Sarkozy e sua esposa Carla Bruni, disse na segunda-feira que se encontrou com Sarkozy antes da prisão. O ministro da Justiça, Gérald Darmanin, próximo a Sarkozy, afirmou à rádio "France Inter" que visitaria o ex-presidente.

 
 

Comente esta notícia

Rua Rondonópolis - Centro - 91 - Primavera do Leste - MT

(66) 3498-1615

[email protected]