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'Vai ser um desafio logístico'

Atraso na colheita do pêssego ameaça vendas de fim de ano

Quantidade de dias frios fez com que a maturação da fruta ficasse mais lenta neste ano

Administração

Por 
Marcelo Beledeli — Porto Alegre-Globo Rural 
Foto-MF Magazine-MF Rural

A safra do pêssego está atrasada no Rio Grande do Sul, maior Estado produtor da fruta no Brasil. A situação preocupa os produtores, que poderão ter dificuldades logísticas para atender à demanda durante o período de maior consumo, que são as festas de fim de ano.

O atraso ocorreu devido ao clima. Embora a maior quantidade de dias frios em 2025 tenha beneficiado o volume de produção, a condição fez com que a maturação da fruta ficasse mais lenta. n

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“Dependendo da variedade, o pessegueiro precisa entre 150 e 400 horas de frio abaixo de 7,2 ºC para que haja uma boa floração. Mas, em vários municípios da Serra Gaúcha, tivemos mais do que isso, chegando a 500 e até 700 horas em alguns locais”, explica Thompson Didoné, extensionista rural da Emater-RS.

“Estamos com um atraso médio em torno de 15 dias na colheita”, afirma Rubiane da Campo Rubbo, presidente da Associação dos Produtores de Frutas de Pinto Bandeira (Asprofruta). Nesta época, já deveriam estar sendo colhidas as variedades que seriam comercializadas na época do Natal. No entanto, segundo Rubiane, a previsão é que os trabalhos comecem apenas entre a primeira e a segunda semana de dezembro.

 
“Isso gera problemas, porque vamos ter muita coisa para fazer em pouco espaço de tempo."

"Temos que colher, resfriar a fruta, classificar, armazenar, vender e transportar para os clientes. Vai ser um desafio logístico fazer tudo isso a tempo das festas de fim de ano”, comenta a produtora.

Para o consumidor, no entanto, o atraso na colheita pode significar um pêssego mais saboroso. “As temperaturas mais baixas favorecem o acúmulo de açúcar na fruta. Então a fruta vai estar bem doce”, afirma Rubiane. 

Predomínio do RS 

O Rio Grande do Sul domina a cultura do pêssego no Brasil. Segundo dados de 2024 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existiam, em todo o país, 15.400 hectares de pessegueiros. Desse total, 73% estavam em propriedades gaúchas (11.341 hectares). Quanto à produção, a colheita nacional foi de 190.389 toneladas, das quais 65% (123.633 toneladas) tiveram origem no Rio Grande do Sul. 

A maior parte da colheita gaúcha de pêssego é destinada para o consumo de mesa. Essas frutas, que são enviadas, principalmente, para os Estados do Sudeste, têm a produção concentrada na Serra Gaúcha.

Já no Sul do Estado, existe um importante polo de variedades para a fabricação de compotas e doces. Essa atividade está concentrada em Pelotas, município que é o maior produtor brasileiro de pêssego.

Em 2024, segundo o IBGE, os pomares de pessegueiros em Pelotas somavam 3.260 mil hectares, com uma colheita de 25.591 toneladas da fruta. Praticamente toda a produção local atende às indústrias de pêssego em calda.

No entanto, a produção de 2024 havia sido afetada por problemas climáticos. “No ano passado, houve uma quebra de 40% na colheita, devido à falta de frio e muitas variações térmicas afetando a floração”, explica Rodrigo Prestes, chefe do escritório da Emater-RS em Pelotas. Para este ano, a Emater-RS espera que sejam colhidas mais de 36 mil toneladas da fruta por 565 produtores.

Rio Grande do Sul responde por 65% da produção nacional — Foto: Volmer Perez/Prefeitura de Pelotas
Rio Grande do Sul responde por 65% da produção nacional — Foto: Volmer Perez/Prefeitura de Pelotas

Na Colônia Santa Helena, no interior de Pelotas, o produtor Adriano Fiss Bosenbecker espera colher 400 toneladas de pêssegos nos 30 hectares de pomares da família. Segundo o fruticultor, enquanto a produção e a sanidade das frutas está excelente, a rentabilidade preocupa, pois os custos aumentaram enquanto os preços pagos pela indústria caíram. 

“Como a floração foi maior, aumentou também o período de raleio (poda do pessegueiro, para concentrar os nutrientes da árvore em menos frutos). No ano passado, fizemos o raleio em uma semana. Agora, foram dois meses, o que precisou de mais mão de obra, que teve que ser trazida de fora da região, tornando a operação mais cara”, explica Bosenbecker.

Já o preço da fruta foi estabelecido pela indústria de conservas em R$ 2,10 o quilo para pêssego tipo I (de melhor qualidade) e R$ 1,85 para o tipo II, o que não agradou os produtores. “Foi uma queda de 20% em relação ao que foi negociado em 2024, em um momento em que nossos custos aumentaram”, afirma. 

Concorrência estrangeira 

De acordo com Bosenbecker, que também é presidente da Associação de Produtores de Pêssego da Região de Pelotas (APPRP), a razão apresentada pelas indústrias para a redução de preços é a competição com o produto importado da Argentina, que entra no Brasil mais barato do que a fruta nacional.

“Estamos tentando alguns movimentos políticos para fazer com a que Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) compre uma quantidade de pêssego em lata para reduzir a pressão no mercado. Também queremos mudanças nas licenças para importação da Argentina, para ajudar as vendas nacionais”, afirma.

 

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