O rebaixamento da Usina Hidrelétrica Colíder, no rio Teles Pires, tem gerado impactos diretos em atividades econômicas da região, como pesca e turismo. O tema foi discutido em audiência pública promovida pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), a pedido do deputado estadual Wilson Santos (PSD), realizada na Câmara de Vereadores de Colíder, na última quinta-feira (18).
Ribeirinhos, pescadores, empresários e lideranças locais relataram prejuízos e insegurança diante das falhas estruturais da barragem. A ausência de informações detalhadas por parte da Eletrobras e da Companhia Paranaense de Energia (Copel) foi um dos pontos criticados durante o encontro.
O Ministério Público Estadual (MP-MT) também se manifestou. O procurador de Justiça e coordenador do Centro de Apoio à Execução Ambiental, Gerson Barbosa, afirmou que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) considerou o potencial do rio para geração de energia, mas deixou de avaliar de forma adequada os impactos sociais e ambientais. O órgão ingressou com pedido de caução de R$ 200 milhões para garantir recursos de reparação.
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) foi acionada pelo MP-MT para reavaliar o licenciamento da usina. Segundo a promotora de Justiça Grasiella Salina Ferrari, já foram registradas mais de 89 toneladas de peixes mortos nas quatro usinas instaladas no rio, sendo mais de 50 toneladas relacionadas à operação da UHE Colíder.
Moradores relataram prejuízos no turismo, na pesca profissional e esportiva, além de dificuldades para navegação. Empresários do setor turístico e comercial também destacaram demissões e cancelamento de reservas, apontando instabilidade pela falta de informações oficiais.
A Eletrobras informou que mantém equipes em campo para diagnóstico e ações de contingência, com apoio de profissionais especializados, e que encaminha relatórios semanais à Sema.
O deputado Wilson Santos ressaltou que o rebaixamento do rio agrava os impactos da Lei Estadual nº 12.434/2023, conhecida como “Transporte Zero”, que proíbe o transporte, armazenamento e comercialização de pescado em Mato Grosso. Segundo ele, a medida prejudica milhares de famílias de pescadores e aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre sua constitucionalidade.
A audiência contou com a presença de autoridades estaduais, municipais e representantes de órgãos ambientais e de fiscalização.