O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), enfrenta o senador Wellington Fagundes (PL) para minar a tentativa de construir uma ponte para diálogo com o MDB. O partido de centro tem a nora do senador como presidente em Mato Grosso, a deputada estadual Janaina Riva (MDB), pré-candidata ao Senado e está aberta a negociar 'dobradinha' em 2026, unindo forças em chapa à majoritária com o deputado federal José Medeiros (PL). Wellington investe no discurso que o momento exige que o PL atue de forma estratégica, sem paixões, para compor maioria nos estados e Congresso, considerando, inclusive, as pautas nacionais, como a aprovação da anistia aos presos políticos de 8 de janeiro.
"Os únicos partidos que o PL não aceita são da esquerda. Fora isso, vamos conversar com um plano para o Brasil. Queremos o Bolsonaro como candidato à presidência, queremos a aprovação da anistia. Então, para isso, precisamos ter a maioria, inclusive, o MDB para que ele vote pela anistia", falou Wellington Fagundes à TV Vila Real nesta segunda-feira (8).
Os únicos partidos que o PL não aceita são da esquerda
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O senador Wellington Fagundes (PL) tenta manter ponte intacta entre MDB e o Partido Liberal
A guerra de Abilio contra o MDB é antiga, da época em que o prefeito estava vereador e travava embates ácidos na tribuna da Câmara contra o ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), ainda no primeiro mandato. A postura anti-MDB foi retomada na manifestação 'Reaja Brasil', neste domingo (7). Abilio disparou do alto de trio elétrico na Praça do Choppão que Mato Grosso não precisa de "novos Fávaros" ou de "covardes e omissos na política".
ESQUERDA 'DISFARÇADA' DE CENTRO
Após o silêncio de Janaina Riva - que pondera e evita comentar as ofensas pois sabe que um passo em falso pode custar votos de bolsonaristas -, o prefeito afirmou que a esquerda se "transveste" de centro em estados onde a direita é predominante. Por isso, segundo ele, que figuras como, o procurador Mauro (PSD), rasgam fichas de filiação do PSOL, PT, siglas mais extremistas e migram para o PSD, PDT e MDB.
Aqui em Mato Grosso a esquerda tenta enganar os eleitores
"Aqui em Mato Grosso a esquerda tenta enganar os eleitores través de partidos mais ao centro para dizer que não está mais à esquerda. Tenho o mesmo posicionamento, sou o mesmo Abilio da campanha de 2024, de 2022. E, agora que estou no poder, não vou ter a mesma minha opinião politica que sempre tive?", acentuou Abilio Brunini.
"JANAINA NÃO VEM SOZINHA"
À época de vereador, o protagonismo adquirido pelas falas contundentes a Emanuel contribuiu para o crescimento político de Abilio que assumiu o posto de candidato a prefeito nas eleições de 2020. Abilio perdeu, mas a derrota serviu de trampolim à Câmara dos Deputados.
Rennan Oliveira/Secom Cuiabá

O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), tenta implodir qualquer tentativa interna de construção de aliança com o MDB
Em Brasília, ele se torna rival do filho do ex-prefeito, o deputado federal Emanuelzinho (MDB), e as pautas que um defendia o outro fazia peso contrário, ampliando a rusga com a família Pinheiro. No função de prefeito, o desafeto não é frequentemente usado em comparações pejorativas, em tom negativo, insistindo na implosão da imagem de Emanuel Pinheiro.
O ex-prefeito voltou a ser citado por Abilio, nesta terça-feira (9) ao comentar o silêncio de Janaina Riva (MDB), que, diferente de Brunini, não age com ponderação pois como quem sabe que um simples passo em falso colocará em xeque sua reputação na extrema-direita, que elegeu Abilio ao Alencastro e pode decidir ficar contra sua candidatura ao Senado.
"O partido, o MDB, eu enfrentei contra Emanuel em 2020, no primeiro mandato dele. Eu sei o que enfrentei e sei quais as consequências de enfrentar esse partido. Não estou falando de candidaturas avulsas, mas de todo o pacote. Ela não vem sozinha", argumentou Abilio à imprensa nos corredores da Câmara.
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FUGINDO DA 'RAIA'
O único momento em que Abilio minimiza o tom é ao falar sobre a legitimidade de Janaina em pleitear candidatura no Senado. Mas, em seguida, ele logo destaca que a decisão por não entrar em "brigas", antecipando, conforme a deputada, o debate eleitoral, não é o mesmo que "fugir da raia" e que ela discursa contra Janaina e sim em desfavor ao "projeto do MDB em Mato Grosso para a construção de espaços de poder".
WELLINGTON PAZ E AMOR
O posicionamento de Wellington não é como quem está em busca de duelos, entretanto, também não está disposto a abrir mão que as portas sejam fechadas antes de diálogo ser feito com partidos com potencial para aliança. Ele pratica essa filosofia, marcando presença nos encontros em Cuiabá do MDB com o presidente nacional, Baleia Rossi, e do União Progressista que reuniu o governador Mauro Mendes (União Brasil) e o senador Ciro Nogueira (PP0PI) na mesma mesa.
"Todos os partidos que não pendam para a linha da esquerda poderão fazer aproximações", falou Wellington à Vila. "Na hora da eleição, defini-se como serão (as alianças) e vamos disputar. Mas eleição não pode ser para fazer inimizade e a gente não pode ser hipócrita", concluiu Fagundes.
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