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Política Terça-feira, 09 de Setembro de 2025, 14:51 - A | A

Terça-feira, 09 de Setembro de 2025, 14h:51 - A | A

Indignação com a classe política francesa

Cabeças de porco são descobertas diante de várias mesquitas de Paris e arredores

Ao menos nove cabeças de porco foram descobertas nesta terça-feira (9) em frente a mesquitas de Paris e municípios da periferia da capital francesa

RFI

Ao menos nove cabeças de porco foram descobertas nesta terça-feira (9) em frente a mesquitas de Paris e municípios da periferia da capital francesa. Os atos suscitam forte indignação da classe política do país.

Quatro cabeças de porco, animal considerado impuro pelo Islã, foram colocadas diante de mesquitas em três distritos parisienses, uma delas dentro de uma mala. Locais de culto muçulmano dos municípios de Montreuil, Montrouge, Malakoff e Gentilly, na periferia parisiense, também foram visados. Em várias cabeças de porco, o sobrenome do presidente francês, "Macron", foi escrito em azul.

O líder centrista se reuniu com representantes da comunidade muçulmana após as macabras descobertas. Segundo fontes ligadas ao presidente francês, ele expressou seu "apoio" aos seguidores do Islã.

O secretário de Segurança Pública de Paris, Laurent Nuñez anunciou a abertura de uma investigação por incitação ao ódio, agravada pela discriminação ligada a uma raça ou religião. Segundo ele, "tudo está sendo feito para encontrar os autores desses atos desprezíveis". 

"Não podemos deixar de fazer conexões com atos anteriores (...) dos quais foi comprovado que se tratavam de ingerência estrangeira", acrescentou Nuñez, pedindo que se mantenha "muita cautela". O secretário de Segurança Pública se refere a casos anteriores atribuídos a possíveis ações a mando da Rússia, como as pichações de estrelas de Davi em Paris, em 2023, ou as mãos vermelhas no Memorial do Holocausto, em 2024.

O reitor da Grande Mesquita de Paris, Chems-Eddine Hafiz, se reuniu nesta terça-feira com a ministra francesa encarregada da Luta contra as Discriminações, Aurore Bergé. Em comunicado, ele denunciou "uma nova e triste etapa na escalada do ódio contra muçulmanos", fazendo um apelo em prol de "uma tomada de consciência e solidariedade nacional".

Classe política denuncia islamofobia

A prefeita de Paris, a socialista Anne Hidalgo, condenou o que classificou de "atos racistas", expressando sua "solidariedade com a comunidade muçulmana". Segundo ela, a prefeitura da capital francesa também acionou a Justiça.

Patrice Bessac, prefeito de Montreuil, cidade que também foi alvo do ataque, denunciou "atos de ódio islamofóbico". O político comunista foi até a mesquita local para demonstrar seu apoio aos fiéis. 

O ministro do Interior, Bruno Retailleau, do partido de direita Os Republicanos, expressou sua "indignação" ao que classificou de "espécie de profanação". "Desejo que nossos compatriotas muçulmanos possam exercer sua fé com serenidade", acrescentou ele diante da imprensa.

Valérie Pecresse, presidente da região Île-de-France, onde fica Paris, do partido Os Republicanos, também reagiu. Segundo ela, é necessário "proteger os fiéis diante das profanações de seus locais de culto, que estão se multiplicando".

Nas redes sociais, várias personalidades da esquerda francesa denunciaram os ataques, entre eles, Jean-Luc Mélenchon, do partido França Insubmissa, um dos líderes da oposição ao governo de Emmanuel Macron. Atribuindo o aumento da islamofobia no país aos controversos posicionamentos do ministro do Interior, o representante da esquerda radical escreveu no X que a "grosseria imbecil" dos atos contra as mesquitas "evidencia a estupidez de seus autores".

O líder do Partido Socialista, Olivier Faure, apontou um acirramento das violências contra a segunda maior comunidade religiosa da França. "No início, a 'fachosfera' atacava os clandestinos, depois foi a vez dos imigrantes em situação regular, em seguida dos binacionais, e agora dos franceses muçulmanos em seus locais de culto", lamentou. 

(RFI com AFP)

 

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