Após a publicação da primeira reportagem pelo HNT, novas vítimas decidiram romper o silêncio e relatar supostos episódios de violência vivenciados em relacionamentos com o fotógrafo Marcelo José da Silva Figueiredo, conhecido como Tchélo Figueiredo. As novas entrevistas ocorreram nesta quarta-feira (30).
Apesar de ainda não haver inquéritos policiais abertos por essas duas vítimas, os relatos corroboram as informações já publicadas pelo site. As identidades das mulheres serão preservadas, em respeito à segurança das envolvidas e à confidencialidade de seus filhos. Os detalhes temporais e contextuais foram compartilhados com autorização das fontes, para melhor compreensão dos casos.
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Uma das mulheres ouvidas é mãe de um menino de oito anos, fruto de seu relacionamento com o fotógrafo. Ela aceitou conversar com a nossa reportagem após matéria publicada nesta terça-feira (29) e contou que conheceu Tchélo em 2012, por meio de amigos em comum, e que desde o início o relacionamento foi marcado por agressões psicológicas, físicas e exploração financeira.
“Eu só quero que ele pare. Não é vingança, é necessidade. Mesmo após ter sido preso, ele nunca refletiu sobre o que fez. Não acredito que ele será preso novamente, mas decidi quebrar o silêncio depois de tanto tempo, porque sei que outras mulheres podem estar passando pelo mesmo”, desabafou.
A prisão a qual ela se refere diz respeito à um período de três dias, em 2015, no qual o fotógrafo ficou detido. Ela relata que o ex-namorado a agrediu em uma via pública e “para o azar dele, arremessou e quebrou o meu celular, o que chamou a atenção de uma viatura que passava pelo local, e terminou preso em flagrante”. Sendo esse, apenas uns dos momentos de violência que ela reluta em lembrar.
Segundo ela, o ex-companheiro ainda controlava suas finanças e fazia uso do dinheiro que ela recebia, especialmente nos períodos de pagamento. “Ele sabia o dia do meu salário, pedia dinheiro, depois terminava comigo, e voltava na época do que eu recebia de novo”, relatou.
“Ele dizia que tinha o sonho de ter um filho e quando aconteceu me abandonou grávida”, conta. Apesar dos traumas, ela afirma que o convívio com o filho sempre foi mantido, por ela acreditar ser um direito da criança, o convívio com o pai, embora o ex-casal esteja em disputa judicial pela guarda desde a separação em 2018.
Ela assegura que o menino nunca presenciou as agressões. “Minha maior preocupação é que um dia ele descubra quem é o pai dele de verdade”, completou. Apesar do receio, confia que o caminho correto é romper com o silêncio e o ciclo de violência.
"Era visto como amigo carinhoso e de fala mansa", diz segunda vítima
Outra mulher, que também teve um relacionamento com o fotógrafo no início dos anos 2010, não acredita que o fotógrafo sofrerá sanções judiciais pelos atos que cometeu.
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Ela contou ao HNT que passou mais de um ano vivendo um romance aparentemente saudável, até que as agressões começaram. Ela também ralta episódios de exploração econômica, que se estendeu a pedidos de empréstimos mesmo após o fim do relacionamento.
“A princípio, era um namoro cheio de afeto, com muitos amigos próximos. Depois veio o inferno. Estava iludida, e demorei para sair”, relembrou. Hoje, ela diz ter refeito sua vida, mas afirma que as lembranças ainda são gatilhos emocionais.
“Era difícil ser ouvida naquela época. Eu falava, me afastava dele em público, ficava na defensiva, mas muitos diziam que eu devia parar de contar, que eu sairia como a mal falada. Só agora percebo que as pessoas estão mais conscientes sobre violência de gênero.”
Ela também ressalta que, antes de namorarem, os dois eram amigos. “Como muitos, eu também acreditava naquela imagem de pessoa carinhosa e de voz mansa. Só depois descobri quem ele realmente era”, afirmou.
Ambas as mulheres esperam que, ao compartilharem suas histórias, outras possíveis vítimas ganhem força para se manifestar e que casos como esses não sejam silenciados e invisibilizados.
OUTRO LADO -- Ainda na terça-feira (29) ao HNT, Marcelo José da Silva Figueiredo, o Tchélo Figueiredo negou os fatos relatados pelas primeiras vítimas que se apresentaram e alegou falso testemunho por parte delas. As quais classificou como calúnias infundadas.