Pesquisadores do Brasil, Canadá e Estados Unidos desenvolveram um sistema de inteligência artificial capaz de prever a maciez e o teor de gordura intramuscular da carne crua a partir de fotos tiradas com o celular. O estudo, publicado na revista Meat Science, utilizou técnicas de visão computacional e redes neurais para analisar imagens de contrafilé bovino e lombo suíno, capturadas em ambiente controlado ao longo de um ano. 

O modelo foi treinado com imagens associadas a dados laboratoriais, como força necessária para cortar a carne e percentual de gordura entre as fibras musculares. A tecnologia conseguiu identificar corretamente os cortes mais macios em até 81,5% dos casos com carne suína e 76,5% com carne bovina. Para gordura intramuscular, os acertos chegaram a 77% para bovinos e 79% para suínos, superando o desempenho dos consumidores que participaram dos testes comparativos.

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A aplicação prática do sistema ainda está limitada a dois cortes específicos, mas os pesquisadores pretendem expandir os testes para diferentes tipos de carne, condições de iluminação e origens. A expectativa é que a tecnologia possa dar origem a um aplicativo para ajudar consumidores na escolha de cortes de melhor qualidade diretamente no ponto de venda. 

Além de beneficiar o público final, a ferramenta tem potencial para transformar processos na indústria da carne, permitindo uma classificação mais justa dos produtos com base em características objetivas. Isso pode gerar melhorias em toda a cadeia produtiva e de comercialização, especialmente em países com grande peso na produção e exportação de carne.