A raiz atua como eixo central na relação entre planta e solo, sustentando processos que determinam a nutrição e o crescimento. O biólogo Marcos Lourenço explica que esse órgão funciona como um sistema sensorial capaz de perceber o ambiente, produzir sinais químicos e ajustar sua atividade para acessar nutrientes. Ele descreve a raiz como uma estrutura dinâmica que interpreta condições do subsolo e modifica o entorno para torná-lo mais favorável, em um mecanismo que se assemelha a uma engenharia viva.
O pesquisador destaca que a absorção ocorre principalmente nas regiões jovens, onde pelos radiculares e meristemas apresentam alta permeabilidade e intensa atividade metabólica. Essas áreas liberam substâncias que alteram o microambiente e favorecem a captação de íons em grande escala. A estratégia inclui a secreção de hidrogênio na rizosfera, que promove acidificação e desencadeia trocas catiônicas capazes de liberar potássio, cálcio e magnésio dos coloides do solo. A respiração radicular, ao emitir dióxido de carbono, forma ácido carbônico que contribui para dissolver minerais e mobilizar fósforo, ferro e micronutrientes em solos de baixa disponibilidade.
✅ Clique aqui para seguir o canal do CliqueF5 no WhatsApp
✅ Clique aqui para entrar no grupo de whatsapp
Lourenço ressalta que a eficiência da absorção depende diretamente da respiração, já que o transporte ativo de íons exige energia e acesso contínuo a oxigênio. Em condições de compactação ou encharcamento, o solo perde oxigênio e compromete o metabolismo radicular, reduzindo a nutrição mesmo diante de adubações. A arquitetura do sistema radicular também influencia o desempenho, com maior comprimento, ramificação e densidade de pelos ampliando o volume explorado. A planta direciona o crescimento para áreas ricas em nutrientes, criando novas zonas de absorção e mantendo interação constante com o subsolo.
“A raiz é mais do que um órgão de sustentação — é um sensor biológico e químico altamente sofisticado. Ela percebe, responde e remodela o solo em tempo real, construindo uma parceria íntima com o ambiente subterrâneo. Mensagem prática: cuidar do solo é cuidar da inteligência das raízes — e da eficiência da nutrição”, conclui.
















