O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, condenou, nesta sexta-feira (15) oito réus acusados de lavar dinheiro para o Comando Vermelho (CV) por meio de shows em casa noturnas em Cuiabá a um total de 74 anos. Outros sete acusados foram absolvidos por falta de provas.
Entre os condenados, Joadir Alves Gonçalves, conhecido como “Jogador” ou “Véio”, recebeu a maior pena: 12 anos e 10 meses de reclusão em regime fechado. Na sequência, Willian Aparecido da Costa Pereira, o “Gordão”, foi condenado a 14 anos, 1 mês e 5 dias de prisão em regime fechado. Joadir era responsável por recolher lucros do CV e pagamentos por proteção de empresas, conhecidos como “lojinhas”. Já Gordão era o dono do Dallas bar, um dos locais onde aconteciam os shows para lavagem de dinheiro.
Rodrigo de Souza Leal, apontado como idealizador e fundador do grupo G12 Eventos, além de gerenciar o bar Dallas, considerado centro das operações ilícitas, recebeu pena de 10 anos e 9 meses em regime fechado. Ele também era coordenador de cerimonial da Câmara de Vereadores de Cuiabá
Elzyo Jardel Xavier Pires, o “Jardel”, foi condenado a 10 anos e 2 meses de prisão em regime fechado. Jardel, que também é ex-assessor parlamentar, também está envolvido na operação Fair Play, acusado de ser um dos “laranjas” de Paulo Witer Farias Paelo, o WT, o tesoureiro do Comando Vermelho. O ex-jogador de futebol João Lennon Arruda de Souza, que já atuou em times como times como Cuiabá, Operário, Dom Bosco e Mixto recebeu pena de 3 anos e 6 meses em regime semiaberto.
Agner Luiz Pereira de Oliveira, conhecido como “Agno”, recebeu 10 anos, 2 meses e 15 dias de prisão em regime fechado. Dono das drogarias Bom Preço, ele foi acusado de atuar como agiota e intermediar a aquisição de veículos de luxo.
A ré Kamilla Beretta Bertoni foi condenada a 7 anos e 6 meses em regime semiaberto. Ela era responsável por fazer depósitos fragmentados da facção e chegou a movimentar mais R$ 3 milhões em sua conta. Já Joanilson de Lima Oliveira, o “Japão”, foi condenado a 5 anos, 6 meses e 15 dias em regime fechado, também por ser um dos arrecadadores de dinheiro do tráfico que era lavado em shows em casas noturnas da capital.
Foram absolvidos Clawilson Almeida Lacava, Ana Cristina Brauna Freitas, Matheus Araújo Barbosa, Rafael Piaia Pael, Wilson Carlos da Costa e Lauriano Sai Gomes da Cruz, por insuficiência de provas.
O juiz ainda determinou o perdimento de bens de alto valor, como imóveis, veículos, joias e relógios, que deverão ser leiloados, e os recursos depositados no Fundo Estadual de Segurança Pública (Fundepol). Também determinou a transferência de valores apreendidos em posse dos réus, após o trânsito em julgado, para a conta do Estado.
RAGNATELA
A Operação Ragnatela foi deflagrada em junho de 2024 pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) e pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO-MT), com o objetivo de desmantelar um esquema de lavagem de dinheiro ligado à facção Comando Vermelho. O grupo utilizava casas noturnas em Cuiabá, como o Dallas Bar e o Strick Pub, para promover shows com artistas de renome nacional, financiados com dinheiro do tráfico de drogas e outras atividades ilícitas. A investigação revelou a participação de empresários, servidores públicos e políticos, que facilitavam a obtenção de licenças e alvarás para os eventos, além de movimentar grandes quantias em espécie para ocultar a origem dos recursos ilícitos.