O juiz Rafael Deprá Panichella, da 1ª Vara Criminal de Sorriso (400 km de Cuiabá), afirmou nesta quinta-feira (7) que o julgamento de Gilberto Rodrigues dos Anjos, acusado de matar uma mãe e suas três filhas em um crime bárbaro ocorrido no fim de 2023, representa uma resposta da sociedade diante de um caso que chocou o país. Conhecido como “Chacina de Sinop”, o crime teve ampla repercussão nacional.
“São quatro vítimas da mesma família em um contexto de violência doméstica, um feminicídio, que gerou grande comoção social e, posteriormente, levou à mudança no Código Penal em relação às penas do feminicídio”, declarou o magistrado. Apesar disso, ele explicou que a nova legislação não retroage para este caso, sendo aplicada apenas para crimes futuros.
Segundo Panichella, o julgamento deve ser concluído ainda nesta quinta-feira. “O processo correu de forma adequada. Hoje sai a resposta da sociedade em relação a esse julgamento. A expectativa é que no dia de hoje, até a noite, se finalize o julgamento”, disse.
O juiz ressaltou a celeridade da Justiça diante da complexidade do caso. “É uma resposta rápida. O Tribunal do Júri ocorre um ano e meio após os fatos, mesmo com a pluralidade de vítimas e os recursos apresentados pela defesa, inclusive com pedido de desaforamento.”
RÉU PARTICIPA POR VIDEOCONFERÊNCIA
O juiz destacou ainda que o réu tem o direito de permanecer em silêncio e de não comparecer presencialmente ao julgamento. Neste caso, a defesa solicitou sua participação por videoconferência, o que foi autorizado. “É um direito do réu e foi assistido a ele esse direito”, explicou.
RELEMBRE O CRIME
Cleci Calvi Cardoso, de 46 anos, e as filhas dela, Miliane, Manuela e Melissa Calvi Cardoso, respectivamente com 19, 13 e 10 anos de idade, foram encontradas mortas em novembro do ano passado. Elas foram vítimas de Gilberto Rodrigues dos Anjos, um pedreiro que trabalhava numa construção ao lado da casa onde a família morava.
Depois de invadir a casa dos Calvi Cardoso, Gilberto esgorjou e estuprou a mãe e as duas filhas mais novas enquanto agonizavam. A mais nova foi morta asfixiada depois presenciar toda a cena. Depois de cometer a barbárie, o assassino voltou para a obra onde estava trabalhando e ainda levou consigo roupas íntimas das vítimas como um "souvenir" do crime.
Ele foi preso dois dias depois, em 27 de novembro, quando os corpos de Cleci e das filhas foram descobertos.