A mulher suspeita de participação na morte do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, executado em uma emboscada no litoral paulista, foi presa temporariamente na madrugada desta quinta-feira (18). A Justiça decretou a prisão após pedido da investigação em São Paulo.
Dahesly Oliveira Pires, de 25 anos, mora em Diadema e não tem profissão declarada. Ela já esteve presa por tráfico de drogas e teria ido buscar na Baixada Santista um dos fuzis usados no crime. A defesa dela ainda não foi localizada pela reportagem.
Segundo a polícia, Dahesly viajou para o litoral num carro de aplicativo para buscar um “pacote”. Os investigadores afirmaram que lá dentro estava um dos fuzis usados no assassinato do delegado.
Na visão da polícia, portanto, ela contribuiu para a logística do crime. A prisão é temporária, válida por 30 dias e renovável por mais 30.
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Em seu depoimento, ela contou que foi acionada por um homem, que pediu que ela fosse até a Praia Grande retirar um pacote. Ela, então, viajou até o litoral, pegou o pacote e o trouxe para São Paulo. Depois, o homem que a recrutou se encontrou com ela e pegou esse pacote. A mulher alega que não sabia do que se tratava.
A mulher deixou o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e foi encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML) para realizar exame de corpo de delito. A mulher deixou o DHPP já algemada.
Ela passou a noite no 6º DP, do Cambuci, no Centro da capital paulista.
A mulher chegou ao DHPP para prestar depoimento nesta quarta (17) por volta das 17h30. Ela estava com uma blusa cobrindo o rosto, não usava algemas e estava escoltada por diversos agentes da Polícia Civil.
A prisão foi anunciada pelo secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL) nas redes sociais: "Temos a primeira prisão relacionada ao assassinato do Dr Ruy. Trata-se de uma mulher de 25 anos, presa temporariamente, responsável por levar da Praia Grande para a região do ABC um dos fuzis usados no crime. A polícia segue trabalhando para prender todos os envolvidos", escreveu.
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Polícia de São Paulo afirma que identificou dois suspeitos do assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes — Foto: Reprodução/TV Globo
A TV Globo apurou ainda que foram encontradas, no celular dela, fotos do fuzil usado na execução.
Mais cedo, a polícia realizou uma operação para prender dois suspeitos de envolvimento no assassinato de Ruy Ferraz. O delegado Rogério Tomás, responsável pela investigação, confirmou que a Justiça de São Paulo já decretou a prisão temporária dos dois identificados até agora.
Equipes do DHPP, em conjunto com agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), estão à frente da operação.

Mais cedo, a mãe e o irmão de um dos suspeitos foram ouvidos pela polícia. O teor dos depoimentos não foi divulgado.
Também foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em endereços da capital e de cidades da Grande São Paulo, segundo a Secretaria da Segurança Pública.
Uma das hipóteses investigadas pelas autoridades é a de que o ex-delegado foi assassinado pelo PCC por seu histórico de combate à facção, que comanda o tráfico de drogas no estado e já o ameaçou de morte.
Um dos suspeitos identificados pela polícia já passou por uma ala de presídio controlada pelo PCC, segundo informação do promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo.
Outra é a de que o ex-policial possa ter sido emboscado e morto por desafetos em razão do seu trabalho como secretário em Praia Grande, cidade onde foi assassinado.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que "dois envolvidos já foram identificados e tiveram o pedido de prisão temporária decretado pela Justiça. Testemunhas e familiares dos suspeitos estão sendo ouvidos". A pasta acrescentou que "detalhes sobre as ações policiais serão preservados para não comprometer as investigações".
Sem escolta

O assassinato dele reacendeu o debate sobre a segurança de autoridades que atuaram no combate ao crime organizado. A execução foi gravada por câmeras de segurança.
O ex-delegado tinha 64 anos e foi um dos responsáveis pela prisão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, uma das principais lideranças do PCC.
Até o momento não há suspeitas de que Marcola, André do Rap ou outro integrante da facção possam estar envolvidos na morte de Ruy.

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Suspeita de buscar fuzil usado na execução do ex-delegado Ruy Ferraz é alvo de pedido de prisão temporária — Foto: Reprodução/TV Globo