O uso de bioprotetores na agricultura está crescendo de forma acelerada e coloca o Brasil como protagonista mundial nessa transformação. Esses produtos, feitos a partir de organismos vivos como fungos e bactérias, vêm substituindo gradualmente defensivos químicos no controle de pragas e doenças das plantas. A principal vantagem é que protegem as lavouras sem agredir o meio ambiente, a saúde dos agricultores e dos consumidores.
De acordo com dados recentes, o mercado global de biocontrole movimentou US$ 8,2 bilhões em 2023 e deve ultrapassar US$ 25 bilhões até 2030. No Brasil, a área tratada com bioprotetores saltou de 35 milhões para 58 milhões de hectares entre as safras de 2021/2022 e 2023/2024. Esse avanço reflete a busca por soluções sustentáveis e pela redução do uso de agrotóxicos.
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O destaque fica para os bionematicidas, usados em culturas como soja, milho e algodão, que já superam os produtos químicos no combate a nematoides. Em 2015, eles representavam apenas 6% do mercado brasileiro; em 2022, alcançaram 75%, enquanto os químicos caíram para 25%. Ainda assim, os bioprotetores representam só 4% dos defensivos usados no país, mostrando um enorme espaço para expansão.
Entre os agentes mais utilizados estão os fungos Trichoderma e Beauveria bassiana, além de bactérias do gênero Bacillus. Cada um tem formas distintas de atuação: enquanto o Trichoderma combate patógenos por parasitismo e estímulo às defesas da planta, espécies de Bacillus criam biofilmes e produzem substâncias que inibem microrganismos nocivos.
A inovação nesse setor não para. Pesquisadores vêm testando alternativas inéditas, como micovírus que enfraquecem fungos, bacteriófagos que atacam bactérias específicas e até ácaros predadores que auxiliam no controle de doenças como a ferrugem do cafeeiro. O desafio está em desenvolver formulações seguras, eficazes e de fácil uso em larga escala.
Além do avanço científico, políticas públicas têm papel central. O Programa Bioinsumos, criado em 2020 pelo Ministério da Agricultura, estimula o uso de tecnologias biológicas para melhorar a saúde do solo, aumentar a produtividade e fortalecer a agricultura sustentável. Especialistas da Embrapa destacam que ainda há espaço para ampliar o desenvolvimento de bioherbicidas, diversificar microrganismos disponíveis no mercado e investir em profissionais qualificados.
A substituição de agrotóxicos por bioprotetores não é apenas tendência, mas uma necessidade diante das mudanças climáticas e da pressão por alimentos mais saudáveis. O Brasil, com sua biodiversidade e capacidade de pesquisa, tem condições de liderar esse movimento global, construindo um futuro agrícola menos dependente de químicos e mais alinhado com a preservação ambiental.
Fonte: Embrapa