Navios de guerra russos navegaram repetidamente em rota de colisão, apontaram armas para embarcações navais dinamarquesas e interromperam os sistemas de navegação nos estreitos da Dinamarca que conectam o Mar Báltico ao Mar do Norte, informou seu serviço de inteligência de defesa nesta sexta-feira (3).
A região do Báltico permanece em alerta máximo após incidentes envolvendo cabos submarinos, interrupções em gasodutos, violações do espaço aéreo e avistamentos de drones desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, o que aumentou as tensões entre Moscou e o Ocidente.
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"Vimos vários incidentes nos estreitos dinamarqueses, onde helicópteros e navios de guerra da força aérea dinamarquesa foram alvos de radares de rastreamento e fisicamente apontados com armas de navios de guerra russos", disse o diretor do Serviço de Inteligência de Defesa dinamarquês, Thomas Ahrenkiel, em uma coletiva de imprensa.
Ele disse que navios de guerra russos navegaram em rota de colisão com embarcações dinamarquesas durante sua passagem pelos estreitos.
Ahrenkiel disse que um navio de guerra russo está ancorado em águas dinamarquesas há mais de uma semana, sugerindo possível interferência de Moscou se a Dinamarca tentar conter os movimentos da "frota paralela" de petroleiros da Rússia, usada para contornar as sanções ocidentais às suas exportações de petróleo impostas durante sua guerra com a Ucrânia.
Em maio, as tensões aumentaram no Mar Báltico quando a Rússia enviou um caça durante a interceptação pela Estônia de um petroleiro com destino à Rússia, suspeito de fazer parte da frota paralela.
O estreito dinamarquês, uma movimentada rota marítima internacional, recebe movimento frequente de navios militares russos, que normalmente são escoltados pela marinha dinamarquesa.
A inteligência de defesa também registrou navios de guerra russos navegando pelo estreito dinamarquês com sonar e equipamento de interferência, de acordo com Ahrenkiel. Ele disse ser "altamente provável" que, em pelo menos uma ocasião, eles tenham bloqueado sinais e causado extensa interferência de GPS na Dinamarca.
"A Rússia está usando meios militares, inclusive de forma agressiva, para nos pressionar sem cruzar a linha do conflito armado no sentido tradicional", disse Ahrenkiel.
Moscou negou repetidamente a responsabilidade por ataques híbridos na Europa. O presidente Vladimir Putin brincou na quinta-feira (2) que não voaria mais drones sobre a Dinamarca e descreveu como "absurdo" a ideia de que seu país potencialmente teria como alvo um membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Nenhuma ameaça militar
Apesar dos incidentes, a inteligência de defesa enfatizou que não havia ameaça militar direta contra a Dinamarca.
No entanto, a primeira-ministra Mette Frederiksen descreveu na semana passada as recentes incursões de drones em aeroportos e instalações militares dinamarqueses como um "ataque híbrido" ao país.
O ministro da Defesa, Troels Lund Poulsen, disse que as investigações sobre os incidentes continuam, sem conclusões ainda sobre a identidade do perpetrador.
Ameaças híbridas, que incluem sabotagem, desinformação, espionagem e ataques cibernéticos, têm sido sinalizadas como cada vez mais agressivas pelas agências de segurança ocidentais.
A Otan reforçou suas operações no Báltico em resposta às incursões de drones. A Suécia propôs uma nova legislação para expandir a vigilância marítima por sua guarda costeira.