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Fogo Cruzado

Confrontos em favelas do Rio deixa prejuízo financeiro de mais de R$14 milhões para moradores

Segundo o instituto Fogo Cruzado, no ano passado, foram registrados mais de 1.700 tiroteios no Grande Rio, uma média de cinco por dia. Desses, 631 confrontos foram em operações policiais

Por Beatriz Trindade-CBN
Foto-DW

 

Além da ameaça à segurança e do impacto na rotina, moradores contabilizam os prejuízos causados pelos frequentes confrontos em favelas do Rio de Janeiro.

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Em apenas um ano, os tiroteios causados por operações policiais deixaram um prejuízo financeiro de R$ 14 milhões para moradores dos complexos da Penha e de Manguinhos, na Zona Norte, segundo um levantamento do Centro e Estudos de Segurança e Cidadania.

É o caso de um morador do Complexo da Penha, que teve a voz distorcida e a identidade preservada. Ele contou que, durante a última operação, realizada no fim de agosto, sua casa foi atingida por cerca de cinco balas perdidas. Os disparos acertaram os móveis e geraram um prejuízo de aproximadamente três mil reais. 

"Na última operação policial que teve aqui na comunidade pelo menos cinco balas entraram aqui em casa. Uma bala pegou na geladeira essa passou pela janela. Uma já pegou no ar-condicionado a gente tem idoso em casa não pode ficar sem ar-condicionado. A gente está gastando dinheiro agora para consertar a geladeira pelo menos mil reais e o ar-condicionado foi 2 mil reais, fora outras vezes que a gente tem que ficar baixado aqui, já pegou em aparelho de televisão também. Cada vez é um prejuízo danado." 

Outros dois moradores relataram à rádio CBN que tiveram estragos durante confrontos no mês passado.

Na comunidade do Juramentinho, em Vicente de Carvalho, na Zona Norte, uma moradora teve a casa alagada após disparos atingirem a caixa d’água durante uma operação policial. Vídeos enviados à reportagem mostram a família tentando retirar a água que invadiu a sala, a cozinha e o quarto.

Em Bangu, na Zona Oeste, outro morador relatou ter perdido todos os bens após a explosão de uma granada dentro de casa. Apesar do susto, ninguém ficou ferido.

Segundo a pesquisa do Centro e Estudos de Segurança e Cidadania, realizada em 2022, os moradores impactados pelas operações nos complexos da Penha e de Manguinhos perderam cerca de R$ 9,4 milhões em renda causada por dias sem trabalho. Outros R$ 4,7 milhões foram gastos com reparos e reposição de bens, após terem danos como tiros em paredes, janelas, telhados, caixas d’água, encanamentos e portas arrombadas, além de prejuízos em veículos.

O cientista social Robson Rodrigues, pesquisador e membro do Laboratório de Análise da Violência, explicou que é responsabilidade do estado arcar com danos causados durante operações policiais.

"Nosso ordenamento jurídico prevê uma responsabilidade do Estado para atos cometidos por seus agentes. Então, nesse caso, a pessoa que se julgar prejudicada desde que comprove ali o seu prejuízo material ou psicológico, pode pedir à Justiça uma reparação de danos." 

Procurado, o governo do estado não se posicionou sobre o ressarcimento de bens danificados dos moradores durante operações policiais, disse apenas que investiu R$ 4,5 bilhões para fortalecer a segurança pública do Estado neste ano.

Segundo o instituto Fogo Cruzado, no ano passado, foram registrados mais de 1.700 tiroteios no Grande Rio, uma média de cinco por dia. Desses, 631 confrontos foram em operações policiais.

*Estagiária sob supervisão de Maíra Gama

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