R7 Planalto|Caroline Aguiar, da RECORD
A primeira conversa formal entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi recebida com otimismo no Planalto — mas também com pés no chão. A ligação, feita no início da semana, tratou principalmente da tarifa de 50% que os EUA aplicaram sobre produtos importados do Brasil, medida que gerou desconforto diplomático.
Nos bastidores, auxiliares de Lula avaliam que a relação com Washington está congelada: não houve novas sanções nas últimas semanas, o que já é considerado um avanço. Segundo um interlocutor direto do presidente, o foco agora é passar por um período de “descontaminação política” ao mesmo tempo que as negociações são retomadas.
O Planalto vê a recente mudança de postura dos EUA como uma correção de rumo. A avaliação é de que o governo americano começou a fazer uma leitura mais realista da importância do Brasil no cenário internacional e no comércio com os EUA.
A equipe de Lula reconhece que o clima é muito melhor do que há dois meses, quando a tensão comercial e política estava no auge. De todo modo, o governo entende que o processo de reconstrução da confiança ainda vai exigir muita energia.
A escolha do secretário de Estado americano, Marco Rubio, como interlocutor direto nas conversas com o Brasil não preocupa o governo, que acredita que a orientação de Trump mudou.
Ainda não há definição sobre um eventual encontro presencial entre Lula e Trump, mas ambos devem estar na Malásia ainda em outubro, em agendas paralelas.
A reunião, se ocorrer, dependerá da logística da agenda de ambos os lados. Mas, na avaliação de uma fonte próxima do presidente Lula, também é necessário avançar nas tratativas técnicas entre as equipes. É preciso trilhar soluções concretas para orientar a conversa entre os presidentes.
Para o governo brasileiro, o objetivo é chegar a 2026 com as relações plenamente normalizadas com os Estados Unidos, evitando que o tema se transforme em mais um ponto de tensão em pleno ano eleitoral.