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Das profundezas da Antártida

Ar de 6 milhões de anos é encontrado em gelo da Antártida

Análises revelam que o continente era até 12 graus mais quente no passado e ajudam a entender a evolução do clima da Terra

Administração

 

Metrópoles
Foto-La Gaceta
 

O ar mais antigo já medido na Terra acaba de ser encontrado em amostras de gelo retiradas das profundezas da Antártida. O material, preservado por cerca de 6 milhões de anos, representa o registro climático mais antigo obtido até hoje por meio de datação direta. 

A descoberta foi feita por uma equipe liderada pela glaciologista Sarah Shackleton, do Instituto Oceanográfico de Woods Hole, nos Estados Unidos, durante escavações em Allan Hills, uma região conhecida pela alta concentração de gelo azul. 

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Os cientistas perfuraram o solo em três pontos, a profundidades entre 150 e 206 metros, e encontraram bolhas microscópicas de ar aprisionadas dentro do gelo. Esse ar é uma espécie de cápsula do tempo natural que guarda informações sobre a atmosfera e o clima do planeta em épocas remotas.

Condições extremas e gelo preservado

Em Allan Hills, as condições extremas tornam o local ideal para preservar esse tipo de registro. O vento forte impede o acúmulo de neve, e o frio intenso faz com que o gelo se mantenha praticamente intacto por milhões de anos, mesmo próximo à superfície.

 

Segundo Shackleton, ainda não se compreende totalmente por que o gelo sobrevive por tanto tempo, mas acredita-se que a combinação de ventos constantes e temperaturas muito baixas seja determinante.

O estudo, publicado nos Anais da Academia Nacional de Ciências em 28 de outubro, foi conduzido pelo projeto COLDEX, da Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos. O grupo utiliza o modelo de datação por isótopos de argônio, que permite determinar a idade exata do gelo sem depender de comparações com materiais externos.

 
Divulgação/COLDEXfoto do O núcleo de gelo que revelou ar aprisionado há 6 milhões de anos. Metrópoles
O núcleo de gelo que revelou ar aprisionado há 6 milhões de anos

As análises mostraram que a camada mais profunda continha gelo formado há cerca de 6 milhões de anos, no final do período Mioceno. Outras amostras datavam do Plioceno, entre 5,3 e 2,6 milhões de anos atrás, o que oferece uma sequência de registros que permite observar como o clima da Terra evoluiu ao longo desses períodos.

Indícios de um planeta mais quente

Os resultados indicam que a Antártida era aproximadamente 12 °C mais quente do que é hoje, e que o resfriamento até as temperaturas atuais ocorreu de forma gradual, e não repentina. Essa descoberta ajuda a compreender melhor como as variações naturais de temperatura influenciaram o planeta antes da ação humana. 

As amostras também podem revelar a composição da atmosfera da época, mostrando quais gases de efeito estufa estavam presentes e em que concentrações. Essas informações serão fundamentais para entender o comportamento climático da Terra em períodos de aquecimento global semelhantes aos que o planeta enfrenta atualmente.

Os pesquisadores planejam novas expedições a Allan Hills nos próximos anos, entre 2026 e 2031, para perfurar camadas ainda mais profundas e tentar recuperar registros mais antigos.

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