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Sala do Professor Segunda-feira, 07 de Setembro de 2015, 19:18 - A | A

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PROFESSORES DOENTES

Síndrome de Burnout: a nova doença que está debilitando nossos professores

O principal sintoma do problema é a exaustão física e emocional

Janine de Oliveira

O Diário e Cliquef5 publicaram recentemente reportagem sobre a quantidade elevada de atestados apresentados pelos professores da rede pública municipal jutificando o afastamento das suas atividades normais.

Além de causar transtornos aos alunos que ficam sem aulas, o problema pode ser ainda maior. Nossos professores estão ficando doentes. Cientistas e pesquisadores são unânimes em afirmar que os educadores vêm desenvolvendo uma doença chamada Síndrome de Burnout. O termo burnout (do inglês "combustão completa") descreve principalmente a sensação de exaustão da pessoa acometida.

Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é uma condição de estresse ligada ao trabalho. O principal sintoma do problema é a exaustão física e emocional. Fadiga constante, dores musculares, dores de cabeça e distúrbios do sono também estão entre os sintomas físicos. Nas mulheres pode ocorrer até alterações no ciclo menstrual.

No âmbito emocional, os sintomas psicológicos vão desde a dificuldade de concentração, desconfiança, baixa autoestima, irritabilidade, pensamentos negativos, e, em alguns casos, até paranoia. Em meio a esse aglomerado de sintomas, o profissional começa a perder o interesse pelo trabalho e por outras atividades, inclusive pessoais, torna-se agressivo nas relações cotidianas, tende a se isolar e não consegue relaxar e planejar.

Os fatores que levam à síndrome estão relacionados à questões individuais e de ambiente. A causa pode não estar relacionada somente à personalidade do profissional ou a uma predisposição. O ambiente e as condições de trabalho também são determinantes para desencadear o problema. 

O estresse pode desaparecer depois que se descansa, que se 'dá um tempo' das atividades, da correria. No caso da síndrome, não. Somente o afastamento, o descanso, não resolvem o problema, porque o ambiente de trabalho, é o que muitas vezes propicia o problema.

No ranking das profissões afetadas pela síndrome estão os médicos e os professores. Falando particularmente dos professores, eles também precisam de atenção especial dentro das escolas. Hoje é um desafio lidar com diferentes comportamentos dos alunos dentro da sala de aula. Muitos professores se sentem desvalorizados e não reconhecidos profissionalmente, isso sem falar das questões financeiras. Vemos muitas escolas voltadas para o acompanhamento psicológico do aluno, o que é importante sim, mas o professor também precisa dessa assistência. É necessário estar atento à mudanças de comportamento, de postura.

Perceber o surgimento do problema evita o seu agravamento e contribui para a cura. Receber atendimento especializado é fundamental. O tratamento é feito com psicólogo ou psiquiatra e, normalmente, combina medicamentos e terapia. Atendido de forma adequada, o profissional começa a dar sinais de melhora. Há uma diminuição dos sintomas físicos (o cansaço e as dores de cabeça tendem a ficar menos freqüentes), é percebido um comportamento mais confiante e o trabalho volta a render.

Lidar com o outro é uma tarefa desafiadora, e quando vira sofrimento, compromete o trabalho e a saúde do profissional. Reconhecer que há algo errado nesse lidar e buscar ajuda é fundamental. O trabalho não deve somente nos prover financeiramente, ele deve ser enriquecedor, ser estimulante, ser algo que nos leve para frente, pois é para ele que dedicamos grande parte de nossas vidas.

Uma pesquisa aponta que 15,7% dos mais de 8 mil professores da educação básica da rede pública na região Centro-Oeste do Brasil apresentam a Síndrome de Burnout, que reflete intenso sofrimento causado por estresse laboral crônico. A Síndrome acomete principalmente profissionais idealistas e com altas expectativas em relação aos resultados do seu trabalho. Na impossibilidade de alcançá-los, acabam decepcionados consigo mesmos e com a carreira.

O estudo revela a vulnerabilidade do docente à síndrome, pois o excesso de exigências auto-impostas, associadas a condições precárias dos ambientes de educação, bem como à falta de retribuição afetiva, expõem professores um desgaste permanente. Assim, a tensão gerada entre o desejo de realizar um trabalho idealizado e a impossibilidade de concretizá-lo acaba por levar o profissional a um estado de desistência simbólica do ofício.

Se o índice se repetir em todo o Brasil. Então serão seriam mais de 300 mil professores nas escolas do ensino fundamental de todo o país com Síndrome de Burnout. Um dado muito preocupante e pode-se dizer até alarmante. Se isso é verdade. Então milhões de alunos tem seu ensino comprometido em todo o país.

Os sintomas que caracterizam a síndrome são:

Exaustão emocional, baixa realização profissional e despersonalização. No primeiro sintoma, 29,8% dos professores pesquisados apresentaram exaustão emocional em nível considerado crítico. Quanto à baixa realização profissional, a incidência foi de 31,2%, enquanto 14% evidenciaram altos níveis de despersonalização.

Os problemas surgem à medida que esses objetivos não se concretizam. É como aquela professora que pensa em contribuir para mudar a vida dos estudantes, muitas vezes reproduzindo a dedicação que teria com os próprios filhos, mas não se sente retribuída. Também se enquadra nesse perfil o professor que espera dos alunos um ótimo aprendizado do conteúdo por ele transmitido em sala de aula. Esforça-se para isso e o eventual desinteresse ou baixo rendimento dos alunos é percebido por ele como um fracasso pessoal.

Como alternativa ao sofrimento, acaba por se distanciar emocionalmente, tanto do seu trabalho quanto do próprio aluno. O distanciamento do trabalho, ou baixa realização profissional, caracteriza-se pela falta de envolvimento pessoal e pela indiferença aos assuntos da sua profissão, além de uma assumida sensação de ineficácia contra a qual não tem ânimo para lutar. O distanciamento do aluno, ou despersonalização, aparece na forma de endurecimento afetivo e falta de empatia.

A despersonalização é a face mais perversa do Burnout, pois afeta justamente aquele que deveria ser objeto de atenção e cuidado. Nestes casos os acometido usa palavras perjorativas a sua profissão e até a si mesmo. Nádia exemplifica a situação citando docentes que se referem às turmas como “aqueles pestinhas”, ou que, na hora do cafezinho, tudo o que conseguem fazer é reclamar dos alunos. Qualquer referência aos estudantes será sempre negativa.

Estudos vêm mostrando que professores com o problema tendem a adoecer mais, faltar ao trabalho e se tornar menos criativos. Em sala de aula, há grandes chances de piorar a relação professor-aluno. Uma relação de hostilidade entre os dois lados acabará comprometendo a aprendizagem.

A presença do burnout em professores da educação básica levanta preocupações. Esse período escolar acompanha uma fase essencial da formação do indivíduo. É quando a relação aluno-professor é mais necessária para a aprendizagem e o desenvolvimento integral do educando. Já os estudantes universitários são mais independentes da figura do docente.

Os estudantes são também propensos ao burnout nos anos finais da escolarização básica (ensino médio) e no ensino superior; curiosamente, este não é um tipo de burnout relacionado com o trabalho, talvez isto seja melhor compreendido como uma forma de depressão. Os trabalhos com altos níveis de estresse podem ser mais propensos a causar burnout do que trabalhos em níveis normais de estresse. Entre estes profissionais estão os professores que parecem ter mais tendência ao burnout do que outros profissionais.

Entre os fatores aparentemente associados ao desenvolvimento da Síndrome de Burnout está a pouca autonomia no desempenho profissional, problemas de relacionamento com as chefias, problemas de relacionamento com colegas ou clientes, conflito entre trabalho e família, sentimento de desqualificação e falta de cooperação da equipe.

Os autores que defendem a Síndrome de Burnout como sendo diferente do estresse, alegam que esta doença envolve atitudes e condutas negativas com relação aos alunos, enquanto o estresse apareceria mais como um esgotamento pessoal com interferência na vida do sujeito e não necessariamente na sua relação com o trabalho. Entretanto, pessoalmente, julga-se que essa Síndrome de Burnout seria a consequência mais depressiva do estresse desencadeado pelo trabalho.

síndrome

 

Estas são, em ordem decrescente, as causas de estresses nesses professores:

- Políticas inadequadas ou inexistentes da escola para casos de indisciplina;

- Atitude e comportamento dos administradores;

- Avaliação dos administradores e supervisores;

- Atitude e comportamento de outros professores e profissionais;

- Carga de trabalho excessiva;

- Oportunidades de carreira pouco interessantes. O salário de um professor muitas vezes não compensa o desgaste emocional;

- Baixo status da profissão de professor;

- Falta de reconhecimento por uma boa aula ou por estar ensinando bem;

- Alunos barulhentos;

- Lidar com os pais.

- Os efeitos do estresse são identificados, na pesquisa, como:

- Sentimento de exaustão;

- Sentimento de frustração;

- Sentimento de incapacidade;

- Carregar o estresse para casa;

- Sentir-se culpado por não fazer o bastante;

- Irritabilidade.

As estratégias utilizadas pelos professores para lidar com o estresse são:

- Realizar atividades de relaxamento;

- Organizar o tempo e decidir quais são as prioridades;

- Manter uma dieta balanceada e fazer exercícios;

- Discutir os problemas com colegas de profissão;

- Tirar o dia de folga;

- Procurar ajuda profissional na medicina convencional ou terapias alternativas.

O que pode ser feito para ajudar a diminuir o estresse:

- Dar tempo aos professores para que eles colaborem ou conversem;

- Prover os professores com cursos e workshops;

- Fazer mais elogios aos professores, reforçar suas práticas e respeitar seu trabalho;

- Dar mais assistência;

- Prover os professores com mais oportunidades para saber mais sobre alunos com comportamentos irregulares e também sobre as opções de programa para o curso;

- Envolver os professores nas tomadas de decisão da escola e melhorar a comunicação com a escola.

O burnout de professores relaciona-se estreitamente com as condições desmotivadoras no trabalho, o que afeta, na maioria dos casos, o desempenho do profissional. A ausência de fatores motivacionais acarreta o estresse profissional, fazendo com que o profissional largue seu emprego, ou, quando nele se mantém, trabalhe sem muito esmero.

Abaixo lista da evolução e sintomas da Síndrome de Burnout:

1 - Necessidade de se afirmar ou provar ser sempre capaz;

2 - Dedicação intensificada, com predominância da necessidade de fazer tudo sozinho e a qualquer hora do dia (imediatismo);

3 - Descaso com as necessidades pessoais – atividades como comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o sentido;

4 - Recalque de conflitos – o portador percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem as manifestações físicas;

5 - Reinterpretação dos valores – isolamento, fuga dos conflitos. O que antes tinha valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e a única medida da autoestima é o trabalho;

6 - Negação do outro – nessa fase os outros são completamente desvalorizados, tidos como incapazes ou com desempenho abaixo do seu. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes;

7 - Recolhimento e aversão a reuniões (antissocialização);

8 - Mudanças evidentes de comportamento (dificuldade de aceitar certas brincadeiras com bom senso e bom humor);

9 - Despersonalização – evitar o diálogo e dar prioridade aos e-mails, mensagens, recados etc.;

10 - Vazio interior e sensação de que tudo é complicado, difícil e desgastante;

 11 - Depressão – marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde o sentido;

12 - E, finalmente, a do esgotamento profissional propriamente dito, que corresponde ao colapso físico e mental. Esse estágio é considerado de emergência e a ajuda médica e psicológica uma urgência, com sintomas variados: fortes  dores de cabeça, tonturas, tremores, muita falta de ar.

Se você reconheceu alguns desses sintomas procure orientação profissional.

Veja mais no vídeo:

 

 

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