Decisão do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a prisão preventiva do prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos) na última sexta-feira (27/6), traz mensagens que indicam o monitoramento de policiais federais pelo grupo do político.
Como mostrou a coluna, Campos foi preso na semana passada por suspeita de vazar informações sobre inquéritos que tramitam no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Além dele, o policial civil Marcos Albernaz e o advogado Antonio Ianowich Filho também foram presos.
Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF), que constam na decisão do ministro, mostram conversas com Antônio que indicariam o “monitoramento de equipes da Polícia Federal”.
A defesa de Campos, no entanto, nega que ele monitorou ou autorizou o monitoramento de agentes, e que a troca de mensagens era apenas por “curiosidade”.
Em uma dessas mensagens, Antonio diz: “Oi chefe. 4 equipes da Pf chegaram hoje. Vindas de Brasília. 4 equipes completas. Delegado escrivão e dois agentes. Chegaram por terra”.
Ao que é questionado: “Vc acha que será amanhã pela manhã? Quantos homens?”.
A conversa segue com a resposta de Antonio, afirmando que “são 16 homens. Acho que algo pontual”. Na sequência, o interlocutor diz que “poderia ser a pref”. E Antonio conclui: “eles ainda estão em palmas. Tô tentando descobrir”.
A investigação sobre vazamento, que levou à prisão do trio na semana passada, é parte da apuração sobre venda de sentenças no STJ investigada na operação Sisamnes.
“A apuração revelou indícios de que informações confidenciais estariam sendo antecipadamente acessadas, articuladas e repassadas a investigados, com o envolvimento de agentes públicos, advogados e operadores externos”, disse a PF.
Os investigados são suspeitos, segundo a corporação, de utilizarem as informações vazadas para proteger aliados, frustrar ações policiais e construir redes de influência.
As informações coletadas pela PF foram compartilhadas com o STF para pedir a prisão do prefeito da capital tocantinense.
Com base nessas informações, Zanin afirmou que “os indícios revelados até aqui se qualificam como suficientes para demonstrar o envolvimento dos investigados na empreita criminosa, observando-se a ascendência de José Eduardo de Siqueira Campos sobre os demais, que os qualificam como ‘chefe’.
“A gravidade concreta dos casos narrados mostra-se até aqui manifesta, exigindo pronta resposta desta Suprema Corte, pois denota o uso da posição política do prefeito e da função pública do investigador da polícia civil Marco Augusto para monitorar membros da polícia federal, antecipando operações policiais e, dessa forma, impedindo o êxito de ações destinadas a desbaratar organização criminosa em atuação no Estado”, afirmou o ministro em sua decisão.
Defesa
A coluna procurou a defesa de Eduardo Siqueira Campos, representada pelo advogado Juvenal Llayber. Segundo ele, o prefeito ” jamais monitorou ou autorizou alguém monitorar agentes da Policia Federal”.
Questionado sobre a intenção das trocas de mensagens, o advogado afirma que era apenas por “curiosidade” e que o prefeito tinha uma “relacionamento discreto” com o advogado Antonio Ianowich.