Por:
Kimberly Caroline
Terra
Foto-Instagram
A Polícia Federal identificou áudios em que o agente Wladimir Soares, investigado por participação em uma tentativa de golpe, detalha a atuação de um grupo armado que, segundo ele, estava pronto para prender ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em um dos trechos, Wladimir afirma que a equipe usaria força letal, se preciso, para cumprir a missão: "matar meio mundo".
Nas conversas periciadas pela PF, Wladimir também critica o comportamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alegando que ele "deu para trás" ao recuar diante da possibilidade de impedir a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Aparelhos eletrônicos de Wladimir foram apreendidos no momento de sua prisão preventiva, determinada durante o curso das investigações. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já apresentou denúncia contra ele.
Segundo o inquérito, o policial "foi arregimentado e integrou a organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado e abolir violentamente o Estado Democrático de Direito no ano de 2022."
Qual era o plano da equipe de Wladimir?
Em um dos áudios, Wladimir afirma que participaria diretamente da prisão do ministro Alexandre de Moraes, caso recebesse autorização de Bolsonaro. "A gente tava preparado para isso, inclusive. Para ir prender o Alexandre de Moraes. Eu ia estar na equipe, ia botar para f*** nesse f***, mas não é assim", declarou.
O agente relata que só aguardavam o comando do presidente para agir: "A gente tava pronto, só que aí o presidente... Esperávamos só o ok do presidente, uma canetada para a gente agir. Só que o presidente deu para trás."
Outro áudio expõe a disposição do grupo para usar violência: "A gente ia com muita vontade, ia empurrar meio mundo de gente, pô, matar meio mundo de gente. Não ia estar nem aí", disse Wladimir.
Ele também afirmou que o apoio do Exército teria sido perdido após negociações com interlocutores do governo Lula. Segundo ele, os generais "se venderam" e o recuo das Forças Armadas teria comprometido o plano.
O policial critica duramente Bolsonaro pela suposta falta de iniciativa no momento decisivo. "Bolsonaro faltou um pulso para dizer: não tenho general, tenho coronel, vamos com os coronéis que a tropa toda queria. Só os generais que não deixaram", reclamou.
A frustração com o ex-presidente se repete em outros trechos. Wladimir afirma que Bolsonaro foi "traído" pela cúpula militar. "Os generais foram lá e deram a última forma e disseram que não iam mais apoiar ele. Ou seja, foram... Na realidade, o PT pagou para eles, comprou esses generais", acusou.