A série de embates públicos entre o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, ganhou as manchetes em 2025. A troca de declarações, críticas e respostas evidenciou tensões internas no campo da direita brasileira às vésperas do ano eleitoral.
ESTOPIM
O primeiro episódio ocorreu em 21 de agosto, quando Mauro Mendes reagiu a declarações do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), que havia classificado governadores de direita como “ratos”. Ao comentar o caso, o governador afirmou que Carlos falava "pela boca o que devia sair por outro lugar”. No mesmo dia, Eduardo Bolsonaro endossou as críticas do irmão, o que intensificou o desgaste público. Apesar do atrito, Mendes mantinha diálogo com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que demonstrava apoio a uma eventual candidatura do governador ao Senado.
No dia seguinte, 22 de agosto, Mauro Mendes inclusive voltou a se manifestar, desta vez ao criticar a condução da política externa do governo Lula com relação aos Estados Unidos. O governador cobrou “maturidade política” e alertou que um confronto direto com a potência norte-americana poderia trazer impactos negativos à economia brasileira. Mendes também ponderou que discordava de ações do então presidente norte-americano Donald Trump, defendendo uma postura mais pragmática nas relações internacionais.
CONFRONTO DIRETO
A crise se intensificou em 7 de novembro, após Eduardo Bolsonaro criticar a possível candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem chamou de “candidato do sistema”. Em resposta, Mauro Mendes afirmou que Eduardo havia “enlouquecido” e classificou as declarações como inadequadas. A fala foi feita durante a entrega de uma escola estadual em Cuiabá e teve repercussão nacional.
Em 10 de novembro, Eduardo Bolsonaro respondeu com um vídeo nas redes sociais, no qual atacou Mauro Mendes e outros políticos, além de desafiá-lo a mobilizar apoio parlamentar pela anistia dos condenados pelos atos de 8 de janeiro. No mesmo dia, Mendes rebateu em entrevista à Jovem Pan News, aceitou o desafio e cobrou que Eduardo retornasse ao Brasil para articular pessoalmente a pauta no Congresso Nacional.
REAÇÕES E TENTATIVAS DE PACIFICAÇÃO
Nos dias seguintes, lideranças políticas buscaram reduzir o impacto do conflito. O secretário-chefe da Casa Civil, Fábio Garcia, defendeu a união da direita. O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), minimizou o embate e pregou diálogo. Já o presidente do PL em Mato Grosso, Ananias Filho, avaliou que o retorno de Eduardo ao Brasil poderia representar riscos.
No mesmo período, o vereador Rafael Ranalli (PL) aumentou o tom contra Mauro e se colocou à disposição para disputar o Senado, defendendo uma “chapa pura” sem a participação de Mendes.
GESTOS PÚBLICOS E LEITURA POLÍTICA
Em 15 de novembro, durante a inauguração do Autódromo Internacional do Parque Novo Mato Grosso, o vice-governador Otaviano Pivetta minimizou o conflito, classificando-o como “passageiro”. No mesmo evento, Abilio Brunini elogiou a obra conduzida pelo governo estadual, mas participou do almoço oficial em mesa separada do governador, gesto interpretado nos bastidores como sinal de distanciamento político.
Dois dias depois, o governador negou a possibilidade de pedir desculpas a Eduardo Bolsonaro e reforçou sua relação com o ex-presidente, afirmando que Bolsonaro tinha conhecimento de sua atuação política.
MEDIAÇÃO E NOVAS CRÍTICAS
No dia 23 de novembro, o deputado federal José Medeiros (PL) tentou atuar como mediador, afirmando que a base bolsonarista acataria eventual decisão de Jair Bolsonaro sobre alianças em Mato Grosso. Já em 27 de novembro, Mauro Mendes voltou a criticar Eduardo Bolsonaro, avaliando que embates internos fragilizariam o campo da direita.
Depois dos conflitos, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, chancelou a candidatura do senador Wellington Fagundes ao governo de Mato Grosso, em detrimento do vice-governador Otaviano Pivetta, nome defendido por Mendes. Em 6 de dezembro, o prefeito Abilio Brunini afirmou que as rusgas influenciaram a decisão.
Ao longo de 2025, o embate entre Mauro Mendes e Eduardo Bolsonaro expôs divergências estratégicas e de discurso dentro da direita brasileira. Embora tenha mantido alinhamento com Jair Bolsonaro, o governador de Mato Grosso adotou postura crítica em relação aos filhos do ex-presidente.

















