A advogada e consultora política Mariana Bonjour destacou, em entrevista ao HNT TV Entrevista, que o WhatsApp pode ser mais eficiente do que grandes investimentos em Instagram e Facebook. Segundo ela, a compreensão sobre o funcionamento dos algoritmos ainda é limitada e nem sempre os conteúdos chegam ao público-alvo.
“Você pode até demorar, mas uma hora vai ver”, afirmou, ao defender a ferramenta como canal direto de comunicação.
É preciso um certo equilíbrio. A vida não é um Big Brother
Bonjour também ressaltou a importância do equilíbrio no uso das redes sociais. Para ela, a busca por visibilidade é natural pois “todo mundo quer ser visto”, mas há riscos em vincular a imagem a polêmicas apenas para ganhar seguidores.
“É preciso um certo equilíbrio. A vida não é um Big Brother”, alertou.
A consultora citou o prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), como um exemplo de alta exposição. Em 14 dias, Abilio ganhou 400 mil seguidores - o equivalente a 26 mil por dia - após proibir uma professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) a usar o pronome neutro "todes" em palestra organizada pela gestão. O caso repercutiu nacionalmente.
O episódio coincidiu com a obstrução da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados pela oposição após as cautelares do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com os conservadores em alta, o "todes" ganhou força e o e o prefeito foi amplamente defendido pelos bolsonaristas.
Influenciadores que têm milhões e foram testados nas urnas, não conseguiram se eleger
A combinação de eventos trouxe seguidores de todo o país para Abilio, o que é positivo para a sua popularidade, mas pode ser um problema no momento da campanha, uma vez que curtem é comentam votam em Mato Grosso.
"Engajamento é muito bom, ser visto é muito bom. Duas coisas que falo que são segredos: frequência e constância. Mas isso não é tudo. Influenciadores que têm milhões e foram testados nas urnas, não conseguiram se eleger. É preciso um pouco mais para ser político", ressaltou.
A consultora observou ainda que grandes números não significam, necessariamente, engajamento real ou votos. Às vezes, explicou, é mais vantajoso ter um público menor, mas disposto a apoiar o candidato nas urnas.
Quando o candidato prioriza a ideologia, você tem um seguidor mais pulverizado
Como exemplo, citou o prefeito de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga, que reúne 3,6 milhões de seguidores. Segundo ela, perfis de políticos que priorizam pautas ideológicas tendem a atrair uma base pulverizada, distribuída por todo o país, mas nem sempre convertida em apoio efetivo.
"Quando o candidato prioriza a ideologia, você tem um seguidor mais pulverizado, chega do Brasil inteiro", concluiu.
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