A ex-primeira-dama da Coreia do Sul, Kim Keon Hee, passará pelo primeiro dia de prisão nesta quarta-feira (13), em uma cela muito parecida com a que o marido e ex-presidente Yoon Suk Yeol ocupa, enquanto promotores perseguem o casal, um dos mais influentes, em uma investigação criminal em expansão.
Ela será tratada da mesma forma que outras detentas, mas receberá pequenos ajustes na rotina diária, devido ao status de uma figura de destaque, falou uma fonte familiarizada com o assunto à agência de notícias.A ex-primeira-dama foi presa depois que um tribunal aprovou um mandado de prisão contra ela na noite de terça-feira (12), sob a alegação de que ela poderia destruir provas em meio a uma investigação em andamento sobre alegações de suborno, fraude em ações e tráfico de influência
Os advogados de Kim negaram as acusações contra ela e descartaram como especulações infundadas as notícias sobre alguns dos presentes que ela supostamente recebeu em troca de favores.
Ela se desculpou por causar preocupação nas pessoas do país e se autodenominou "uma ninguém" ao comparecer ao interrogatório na semana passada.
Sua cela solitária tem uma pequena mesa que pode ser usada como escrivaninha e para refeições, além de um colchão no chão para dormir, segundo a fonte, que pediu para não ser identificada por não estar autorizada a falar com a imprensa.
Kim Keon Hee terá acesso separado a um banheiro compartilhado e poderá se exercitar ao ar livre por uma hora todos os dias, exceto aos domingos, em horários escalonados para evitar sobreposição com outros detentos, disse a fonte.
A prisão será uma experiência totalmente nova para Kim, diferentemente do marido, que já passou cerca de 100 dias na prisão.
Yoon está sendo julgado pela tentativa frustrada de impor a lei marcial, sob a acusação de insurreição, acusação que ele nega.
O ex-presidente está preso no Centro de Detenção de Seul, que, apesar do nome, fica fora da capital, ao sul.
Mais sobre a vida de Kim Keon Hee
O casal morava em um apartamento espaçoso em um bairro nobre de Seul antes da eleição de Yoon como presidente em maio de 2022 e retornou para lá após a deposição pelo decreto de lei marcial, que resultou em um desastre político para ele, seu partido e, agora, para sua esposa.
Kim Keon Hee é uma rica empresária por mérito próprio e a maioria dos bens do casal, incluindo o apartamento, pertence a ela, segundo um banco de dados do governo.
Agora, Kim receberá a mesma alimentação que um detento médio, geralmente pratos tradicionais coreanos preparados a um custo de cerca de 1.500 wons (aproximadamente R$5,86) por refeição.
Nesta quarta-feira (13), torradas com geleia de morango, salsichas e salada estavam no cardápio do café da manhã.
A ex-primeira-dama não comia nada desde a noite de terça-feira (12) e não estava bem de saúde, falou um de seus advogados à Reuters. Não estava claro se ela compareceria para interrogatório pelos promotores na próxima quinta-feira (14), afirmou o advogado.
Especialista em belas artes que fundou e dirigiu uma agência de curadoria de sucesso, Kim se envolveu em diversos escândalos antes e depois da eleição do marido em 2022, com as controvérsias, por vezes, ofuscando a turbulenta presidência de Yoon.
Suas escolhas de moda e atividades políticas como promover a da proibição do consumo de carne de cachorro a tornaram controversa em um país onde as primeiras-damas costumam manter a discrição.
Han Dong-soo, ex-juíza e promotora que trabalhou com Yoon, falou que Kim tinha "uma mente politicamente estratégica" e foi uma força motriz por trás da ascensão do marido a cargos importantes.
Depois que se casou com Yoon, quando ele tinha 52 anos, Kim Keon Hee se tornou a principal influência em praticamente todos os pensamentos e decisões, falou Han.
Kim tinha 39 anos quando se casaram.
"Kim Keon Hee o escolheu", afirmou Han. "E ela lhe deu a estratégia e a energia para ser presidente."