O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), foi destaque na revista 'Isto É' devido à crise nas contas públicas da Capital. Reportagem destaca que, após recursar ajuda do Governo Federal, o prefeito não descarta um novo decreto de calamidade financeira. Leia na íntegra:
Após dez meses de mandato, o prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), está próximo de anunciar o segundo decreto de calamidade financeira na cidade mato-grossense. O primeiro ocorreu ainda no início de 2025, três dias após assumir o cargo, sob pretexto de dívidas herdadas da gestão anterior – responsabilidade de Emanuel Pinheiro (MDB).
Na ocasião, Brunini definiu determinou 180 dias de calamidade e redução de despesas em 40%, além da reavaliação de licitações e contratos. A medida não foi suficiente para reverter a crise da cidade, com previsões de que o governo encerre o ano com déficit de até R$ 364 milhões, sendo R$ 120 milhões somente na saúde.
Agora, o mandatário parece apresentar o novo decreto de calamidade em doses homeopáticas: no dia 1º de outubro, ele anunciou um “alerta financeiro preventivo” para Cuiabá. Ao contrário da declaração de calamidade pública, a medida não flexibiliza regras de contratação ou orçamentárias. Segundo a Prefeitura, o objetivo é “comunicar oficialmente ao Executivo, ao Legislativo e à sociedade que a gestão está em risco de não conseguir cumprir os compromissos até o fim do ano”.
Em coletiva dada no dia 2 do mesmo mês, Abílio Brunini voltou a admitir fragilidade financeira na Prefeitura e não descartou um novo decreto de calamidade.
“Não está descartado [possibilidade de decreto de calamidade]. Estamos fazendo contenção de despesas e tentando buscar encaixar dentro do nosso orçamento aquilo que for possível. Sabidamente não vai fechar no ‘zero a zero’ no final do ano, mas nós vamos tentar coordenar o que a gente consegue ajustar – e a saúde é minha prioridade”, alegou.
Vale lembrar que, ainda em setembro deste ano, Brunini utilizou um decreto de calamidade para isentar de licitação a aquisição de bens e serviços necessários à obra de reparos da ponte sobre o Córrego do Moinho, localizada na Avenida Um, no bairro Jardim Imperial. Ele declarou “situação de emergência” para a obra , autorizando a mobilização de todos os órgãos municipais, convocação de voluntários e adoção de medidas de urgência.
‘CUIABÁ NÃO PRECISA DO DINHEIRO LULA’
Em uma fala que marcou sua campanha e início de gestão, o prefeito Abilio Brunini adotou um tom de confronto direto com a adminstração de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Durante discursos e entrevistas, o gestor, correligionário e alinhado à ala de Jair Bolsonaro (PL), declarou que a capital mato-grossense possuía arrecadação robusta e seria capaz de caminhar com as próprias pernas, dispensando recursos federais e dizendo que “Cuiabá não precisaria do dinheiro do governo Lula”.
A declaração foi usada para reforçar postura de independência em relação à União e agradar sua base ideológica, sendo criticada por adversários políticos e por especialistas em administração pública – que apontaram a importância da cooperação entre entes federativos.
Os contínuos anúncios de sufoco financeiro vivido por Cuiabá entraram em confronto com a posição inicial de Brunini. Isso porque, ao decretar calamidade, o gestor permite à prefeitura flexibilizar regras fiscais e solicitar apoio financeiro de outras esferas de governo, especialmente da União. Nas redes sociais, o prefeito tem sido alvo de críticas por tornar-se potencial beneficiário das políticas e dos recursos que antes renegava.