O prefeito de Cuiabá Abilio Brunini (PL) voltou a comentar temas que têm dominado o debate político nacional. Em entrevistas concedidas nasta segunda (22) e quarta-feira (25) desta semana, o gestor municipal afirmou que uma eventual anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro dependerá diretamente da correlação de forças após as eleições de 2026. Ele também criticou a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado de arquivar a chamada PEC da Blindagem, aprovada pela Câmara dos Deputados na semana passada.
Para Abilio, a atual composição do Congresso e a postura do Supremo Tribunal Federal (STF) dificultam qualquer avanço sobre a pauta da anistia. Segundo ele, apenas uma mudança política após o próximo pleito pode alterar o cenário.
“Se esse problema não se solucionar agora, teremos as eleições de 2026, teremos a maioria no Senado, a maioria na Câmara, e aí o jogo muda, o vento muda, e as coisas avançam”, afirmou.
Na visão do gestor municipal, o Congresso vive hoje uma “democracia relativa”, na qual decisões podem ser revistas ou derrubadas pelo STF, mesmo após aprovação pelos parlamentares. Ele comparou o atual momento com a redemocratização de 1988, quando a anistia beneficiou setores que hoje se colocam contra a medida.
“Estamos pedindo anistia do mesmo jeito que aqueles que hoje são contra foram anistiados ontem. É um ciclo da história que se repete, mas em outro lado da política”, disse o prefeito.
Outro ponto central das declarações de Abilio foi a crítica a rejeição à PEC da Blindagem. Para Brunini, a decisão da CCJ reflete a relação de dependência e proteção mútua entre Senado e Supremo.
“O Senado já é blindado. Ele blinda e também é blindado. Muitos senadores que estão em fim de mandato não têm mais preocupação com a opinião pública. Eles preferem não enfrentar o Supremo”, afirmou.
Abilio reconheceu que a PEC tinha pontos polêmicos, mas avaliou que algumas propostas poderiam fortalecer a independência parlamentar, a exemplo do voto secreto, já existente em assembleias legislativas estaduais.
O prefeito também defendeu que a solução mais eficaz para evitar distorções jurídicas seria o fim do foro privilegiado, que, segundo ele, cria uma “casta protegida” no país. Abilio citou como exemplo os julgamentos de civis sem prerrogativa de foro diretamente no STF após os atos de 8 de janeiro.
“A legislação diz que todos somos iguais perante a lei, mas, na prática, alguns são mais iguais que outros. O foro privilegiado rompe esse equilíbrio”, declarou
Ao analisar o comportamento do Senado, Abilio afirmou que parte dos parlamentares já não se preocupa em enfrentar o eleitorado, por não ter chances de reeleição. Ele citou nomes de Mato Grosso e avaliou que muitos senadores, em todo o país, têm buscado “seus próprios interesses” ao fim do mandato.
“Esses senadores estão em fim de carreira e não querem comprar briga com o Supremo. O que nos resta é esperar a troca de cadeiras em 2026”, reforçou
As falas de Abilio refletem o clima de tensão entre setores do Congresso e o STF, acentuado após os julgamentos de investigados nos atos de 8 de janeiro e as discussões em torno da PEC da Blindagem. O prefeito, que vem se posicionando como voz crítica à atual composição do Senado, aposta nas eleições de 2026 como ponto de virada no cenário da política brasileira.