Danilo Dias, de 23 anos, é apontado como o líder do esquema de fraudes investigado na Operação Código Seguro. Segundo as investigações, ele seria o responsável por uma rede nacional de comercialização de dados sensíveis. Morador de São Paulo, o jovem chegou a usar credenciais de um servidor da Polícia Civil de Mato Grosso para acessar sistemas restritos e obter informações sigilosas.
Danilo, que não possui formação em tecnologia ou áreas correlatas, aprendeu tudo sozinho pela internet. Ele foi preso há um mês em uma boate no Paraná, depois de tentar usar cartões clonados para pagar bebidas e camarote, ação que levou o dono do local a acionar a polícia.
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As informações foram divulgadas no âmbito da terceira fase da Operação Código Seguro, deflagrada nesta terça-feira (21). Coordenada pela Polícia Civil de Mato Grosso, as investigações tiveram início em 2023, após identificação de acessos suspeitos ao sistema da Polícia Civil com credenciais de servidores. Ganso montou um robô que utilizava esses acessos para consultar números de chassi, facilitando a clonagem de veículos.
Na segunda fase, realizada em São Paulo, o grupo utilizou robôs para testar sequências de números de cartões de crédito e CVV. Cartões válidos eram vendidos a outros criminosos, que levantavam dinheiro em compras e saques ilegais. O esquema envolvia ainda a lavagem de dinheiro, realizada por Ganso junto à mãe e à namorada, usando criptomoedas e plataformas de apostas online.
Estima-se que o grupo tenha movimentado R$ 6 milhões em dois anos. Entre as empresas prejudicadas estão Amazon, Magalu e outras grandes lojas de vendas online, que não demonstraram interesse em colaborar com a investigação.
A terceira fase da operação foi deflagrada na manhã desta terça-feira (21) e cumpriu 48 ordens judiciais em nove estados: São Paulo (SP), Francisco Alves (PR), Fortaleza (CE), Riachão (MA), Cabo Frio (RJ), Jaraguá do Sul (SC), Lauro de Freitas e Apuarema (BA), Manaus (AM) e Coronel Murta (MG). Entre as ordens estão sete mandados de prisão, 15 de busca e apreensão, 15 de afastamento telemático, retirada de sites e canais de comunicação, e o sequestro de mais de R$ 5,9 milhões.
As investigações, conduzidas pela Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI) e coordenadas pelos delegados Gustavo Godoy Alevado e Guilherme Rocha, apontaram que o grupo atuava em diversos tipos de fraudes: manipulação de informações veiculares para “esquentar” carros roubados, clonagem de cartões, comércio de dados sensíveis, fraudes em aplicativos de transporte, Uber, 99, e recargas de celular, como o RecargaPay.
O delegado titular da unidade, Guilherme Fachinelli, destacou a importância da operação. “A ação demonstra, de forma inequívoca, a capacidade técnica e operacional da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos em identificar, mapear e desarticular redes criminosas que atuam em larga escala no ambiente virtual, preservando a segurança dos dados, a integridade das instituições e o patrimônio da sociedade”, disse.
A operação contou com apoio das Delegacias Especializadas de Combate à Corrupção (Deccor), Crimes Fazendários (Defaz), Repressão a Narcóticos (Denarc), Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e Diretoria de Inteligência da Polícia Civil de Mato Grosso, além das Polícias Civis de outros estados, sob coordenação da Cecor.
A Polícia Civil informou que, na época, já adotou medidas de segurança adicionais, alterando o login dos servidores envolvidos, para prevenir novos acessos indevidos e garantir a proteção de sistemas e dados.