A indústria brasileira de processamento de cacau avalia que a taxação imposta pelos Estados Unidos pode inviabilizar completamente as exportações do derivado, segundo a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC). Em entrevista ao Jornal da CBN, a presidente executiva da AIPC, Anna Paula Losi, demonstrou preocupação com os impactos da medida.
'A gente precisa trabalhar para dialogar com o governo federal, mas também continuar dialogando com o governo americano para mostrar que não existe o porquê manter essa taxação para a manteiga de cacau, visto que é uma exportação para complementar a produção deles'.
A manteiga de cacau é um produto de alto valor agregado, utilizado principalmente pela indústria chocolateira. Os EUA representam o principal destino desse item.
A sobretaxa coloca em risco toda a cadeia de produção brasileira. A manteiga é um subproduto fixo do processo de moagem da amêndoa de cacau. Sem um mercado consumidor para a manteiga, as indústrias não conseguem manter a moagem em operação:
'Se eu não tiver destino para essa manteiga, eu não posso moer cacau, porque eu vou ficar com essa manteiga acumulada, então a gente vai reduzir a nossa moagem, vai reduzir a nossa exportação e muito provavelmente a gente vai aumentar a importação de pó, de derivado, sendo que o Brasil tem potencial para produzir ainda mais'.
Além do impacto econômico, há uma preocupação com o efeito sobre os produtores.
'As fábricas brasileiras elas ficam principalmente em Ilhéus e Itabuna, então praticamente 95% da moagem do cacau brasileiro acontece ali na Bahia, então a gente tem conversado com esses dois governos'.
A associação continua articulando ações com o setor público e privado para tentar reverter a sobretaxa ou, ao menos, reduzir seus efeitos na cadeia produtiva nacional.