A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) continua sendo uma das principais preocupações dos produtores de milho no Brasil. Segundo a engenheira agrônoma Maiara Franzoni, em artigo publicado no Blog da Aegro, essa praga tem alta capacidade de adaptação e pode comprometer severamente a produtividade das lavouras, não apenas de milho, mas também de diversas outras culturas.
“A lagarta-do-cartucho é altamente polífaga e se alimenta de culturas como soja, algodão, arroz, sorgo, trigo, aveia, cana-de-açúcar, feijão, cevada e centeio”, explicou a especialista. O inseto pode atacar qualquer parte da planta, embora o cartucho – a região central do milho – seja a mais frequentemente afetada.
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De acordo com Franzoni, as larvas são capazes de causar danos em qualquer estágio de desenvolvimento da planta. “Além da destruição direta, as excreções da lagarta favorecem o aparecimento de patógenos, agravando ainda mais o impacto sobre a lavoura”, destacou. Em plantas com entre oito e dez folhas, o ataque pode levar ao corte da base, provocando perfilhamento ou, em casos extremos, a morte da planta.
O controle da praga exige a adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP), estratégia que combina diferentes métodos para conter a infestação. Entre as práticas recomendadas estão a rotação de culturas, o uso de variedades mais tolerantes e o controle biológico. Franzoni alerta para a importância de analisar cuidadosamente quais culturas utilizar na rotação, já que a lagarta pode se alimentar de boa parte delas.
Outro ponto enfatizado é o uso responsável de inseticidas. “É fundamental realizar a rotação de mecanismos de ação dos produtos para evitar o surgimento de populações resistentes”, explicou a engenheira. Ela também chama a atenção para o uso de tecnologias Bt no milho, lembrando que inseticidas com base nesse princípio não devem ser usados para o controle da praga nas áreas onde o milho Bt já está presente.
A especialista reforça que o uso de áreas de refúgio é essencial para preservar a eficácia das tecnologias transgênicas. “Sem a adoção adequada do refúgio, aumenta-se o risco de seleção de indivíduos resistentes, comprometendo a durabilidade das ferramentas disponíveis para o manejo da lagarta”, concluiu.